Coroação de Elizabeth 2ª foi maior e teve frango frio como prato principal

Há 70 anos, rainha percorreu 7 km pelas ruas de Londres; procissão de Charles 3º será de apenas 2 km

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Madri

A coroação de Elizabeth 2ª, há 70 anos, foi um dos eventos mais significativos da história recente do Reino Unido —e a festa buscou reproduzir em tamanho a importância da data.

A nação estava eufórica por entronizar uma jovem de apenas 27 anos como rainha, e, assim, uma febre da coroação varreu o país. Elizabeth já era rainha desde o ano anterior, após a morte de seu pai, George 6º, por trombose. Mas aquele foi um momento de luto, e a celebração foi programada para 14 meses depois.

A cerimônia aconteceu na Abadia de Westminster para 8.200 pessoas. Agora, o mesmo local receberá 2.200 pessoas para a coroação de Charles 3º, 74, neste sábado (6). Ignorando o conselho do então primeiro-ministro, Winston Churchill, Elizabeth permitiu que câmeras fossem instaladas dentro da abadia, o que não havia acontecido na coroação de seu pai, em 1937, a primeira a ter trechos televisionados pela BBC, criada seis meses antes, quando havia cerca de 20 mil aparelhos de TV em Londres.

A rainha Elizabeth 2ª na cadeira de coroação, em 1953
A rainha Elizabeth 2ª na cadeira de coroação, em 1953 - Universal History Archive via BBC

Já a rainha, afeita à tecnologia, autorizou até mesmo a entrada de câmeras 3D experimentais, assim como filmagens coloridas, apesar de a transmissão ao vivo da estatal britânica ter sido feita em preto e branco.

Estima-se que 27 milhões de uma população de 51 milhões no Reino Unido tenham assistido à coroação ao vivo. Outro dado indica que cada aparelho de TV foi visto, em média, por 17 pessoas. Muitos alugaram um televisor só para o dia, enquanto outros se reuniram com amigos e vizinhos para poder ver o evento.

Cerca de 500 mil aparelhos foram vendidos nas semanas anteriores à cerimônia, e a cifra de TVs no reino em 1953 chegou a 2 milhões ou 3 milhões, a depender da fonte. Além disso, a coroação foi o primeiro evento do Reino Unido transmitido ao vivo na Europa —a audiência mundial foi estimada em 277 milhões.

A liturgia da coroação foi semelhante à de agora, com apresentação da Bíblia, unção com óleo sagrado, entrega de objetos reais e o juramento feito pela nobreza. Charles incorporou várias mudanças, como convidar o público, em vez da nobreza, a jurar lealdade ao rei, além da participação de sacerdotisas e de religiosos não cristãos e da introdução de trechos em línguas clássicas das outras nações do reino.

Procissão antes da coroação de Elizabeth 2ª, em 2 de junho de 1953
Procissão antes da coroação de Elizabeth 2ª, em 2 de junho de 1953 - AFP

Em relação à procissão pós-coroação, a de Elizabeth também foi bem maior. Sua carruagem percorreu 7,2 km, entrando no centro da cidade e sendo acompanhada por 3 milhões de pessoas nas ruas. Neste sábado, a procissão de Charles fará apenas o caminho entre Westminster e Buckingham, de 2 km. Se 4.000 militares seguirão atrás da carruagem de Charles agora, no caso de Elizabeth foram 29 mil.

E há o frango. Charles e Camilla, a rainha consorte, escolheram como prato oficial da coroação uma quiche de inspiração francesa com espinafre, favas, queijo e estragão. Já Elizabeth optou por um frango frio com molho de creme de curry amarelo brilhante. O frango é primeiro escaldado em vinho branco e temperado. Em versões modernas, costuma-se usar passas, mas o original pedia purê de damasco.

O prato extrapolou o momento e é conhecido até hoje no Reino Unido como frango da coroação. Resta saber se a quiche da coroação de Charles terá o mesmo glorioso destino.

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