Polícia da Austrália usa arma de choque em mulher de 95 anos com demência

Paciente de casa de repouso teria sido encontrada com faca e pode ter sofrido fratura no crânio após disparos, diz mídia local

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São Paulo

Uma mulher de 95 anos com demência está hospitalizada na Austrália em estado grave após policiais usarem uma arma de choque contra ela duas vezes. O caso gerou indignação entre os australianos.

"A gente deve ter perdido o rumo como sociedade para a polícia usar uma arma de choque numa senhora de 95 anos", afirmou um usuário no Twitter. "Que perigo iminente esses policiais enfrentaram para usar um taser contra uma mulher de 95 anos em uma instituição de saúde?", questionou outra. "É ultrajante."

Clare Nowland, 95, está hospitalizada após ser ferida com uma arma de choque pela polícia da Austrália - Reprodução/ABC News

Clare Nowland estava na casa de repouso em que vive há mais de cinco anos, na cidade de Cooma, a 300 km de Sydney, na quarta-feira (17), quando a equipe da instituição chamou a polícia. De acordo com a emissora estatal ABC, ela estaria carregando uma faca quando foi encontrada.

Nowland é conhecida pelo trabalho voluntário que realizou na cidade e também por ter pulado de paraquedas sobre a capital Camberra em seu aniversário de 80 anos —momento registrado pela ABC.

Nowland, então com 80 anos, comemora seu aniversário saltando de paraquedas - Reprodução/ABC News

Segundo Andrew Thaler, representante da família que falou com o jornal Sydney Morning Herald, ela foi atingida no peito e nas costas. "A família está chocada, a comunidade está chocada. Como acharam apropriado usar esse nível de força em uma mulher de 95 anos?", questionou ele. O Sydney Morning Herald afirma que Nowland pode ter sofrido fratura no crânio e hemorragia cerebral devido à queda.

A polícia disse que o estado da senhora está sendo monitorado. "Uma investigação sobre o incidente foi iniciada após uma idosa sofrer ferimentos em uma interação com a polícia", disse a força de segurança.

Um grupo de pessoas com deficiência cobra respostas da polícia. "Ou ela é uma mulher de 95 anos muito ágil, em forma, rápida e intimidadora ou há um julgamento muito ruim dos policiais e precisa haver alguma responsabilização", afirmou à ABC Nicole Lee, presidente da organização People with Disability Australia.

A ativista diz que o uso de força desproporcional contra pessoas com deficiência é comum e critica a postura da casa de repouso. "O fato de terem recorrido à polícia mostra que há falha no protocolo, falta de recursos ou falta de compreensão por parte do serviço", afirma Lee. "Essa mulher de 95 anos precisava de alguém que a acalmasse e conversasse com ela com compaixão e tempo, não com tasers."

A instituição de cuidados para idosos Yallambee Lodge, na qual ocorreu o episódio, confirmou o incidente por meio do Conselho Regional de Snowy Monaro, que administra a casa, mas não deu detalhes. "Nenhum outro comentário está disponível no momento devido à investigação em andamento e por respeito à privacidade dos envolvidos", afirmou. A porta-voz do hospital de Cooma também se recusou a comentar.

Com Reuters

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