O Tribunal Superior de Islamabad ordenou nesta sexta (12) que o ex-premiê do Paquistão Imran Khan seja solto sob fiança. O líder havia sido detido no início da semana ao comparecer a uma audiência —assim que atravessou o portão da sede, porém, paramilitares o arrastaram pelo braço até uma van preta.
A defesa de Khan afirmou à agência de notícias Reuters que a fiança vale por duas semanas e que a corte ordenou que a agência anticorrupção do país, que ordenou a prisão, não o detenha novamente no período.
O modo como a detenção foi realizada já havia sido considerado "inválido e ilegal" pela Suprema Corte. Na ocasião, outro integrante da defesa de Khan, Babar Awan, afirmou que a instância máxima da Justiça nacional havia determinado que o ex-premiê ficaria sob sua custódia, não da agência anticorrupção.
A prisão, ocorrida na terça (9), provocou tumultos por todo o país. Apoiadores de Khan invadiram locais militares, incendiaram um prédio do canal estatal, destruíram ônibus, saquearam a casa de um oficial do Exército e atacaram outros ativos, em episódios que resultaram em oito mortes e quase 2.000 detenções.
O caso que levou à prisão do ex-premiê, eleito em 2018 e afastado em 2022, envolve uma suspeita de fraude imobiliária. Ele e a esposa são acusados de receber terras no valor de US$ 24,7 milhões (R$ 123 milhões na conversão atual) de um empreendedor acusado de lavagem de dinheiro no Reino Unido.
Trata-se de um dos mais de cem processos registrados contra Khan, que, se condenado, pode ser proibido de ocupar cargos públicos. O líder alega que as ações que enfrenta são uma manobra do governo e das Forças Armadas para impedir sua volta ao posto de premiê nas eleições deste ano —os militares negam.
A prisão do ex-premiê se deu um dia após as Forças Armadas, uma "mão invisível" na política local, divulgarem uma condenação pública ao ex-premiê pelas repetidas acusações que fez contra militares.
Khan alega que membros do Exército, com o qual antagoniza desde a campanha para primeiro-ministro, estão por trás de seu afastamento do poder e até mesmo de uma tentativa de assassinato.
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