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Xi defende cooperação econômica plena entre China e Ásia Central em cúpula

Gigante asiático tenta preencher vazio deixado pela aliada Rússia e angariar colaboradores para megaprojeto

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Xian | AFP

O líder chinês, Xi Jinping, se dirigiu a países vizinhos da Ásia nesta sexta-feira (19) para sugerir cooperação econômica plena dessas nações com Pequim. Xian, cidade no norte da China, recebeu os líderes de Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão para um encontro que Pequim chamou de "um marco".

Com esse aceno, Xi tenta preencher o vazio deixado pela Rússia nas ex-repúblicas soviéticas após o início da Guerra da Ucrânia, conflito que toma todos os esforços da nação governada pelo aliado Vladimir Putin, e incentivar os países a colaborarem com a Nova Rota da Seda.

Xi Jinping preside a primeira Cúpula China-Ásia Central - Shen Hong - 19.mai.23/Xinhua

A região é fundamental para o ambicioso projeto geopolítico de construção de infraestruturas que quer ligar a China ao restante da Ásia e à Europa —plano vital para a política externa de Xi. O líder afirmou que os países presentes no encontro devem liderar o megaprojeto e "aprofundar a confiança mútua". Para isso, devem "aproveitar plenamente o potencial da cooperação tradicional na economia, comércio, capacidade industrial, energia e transporte" com a China, segundo Xi.

O discurso de Xi também abordou a cooperação contra o que Pequim chama de "três males" da região: o separatismo, o terrorismo e o extremismo. "Os seis países deveriam se opor com firmeza às interferências externas em questões internas e às tentativas de instigar 'revoluções coloridas'", afirmou Xi, em uma referência às revoltas das últimas décadas em países da ex-União Soviética como Ucrânia e Geórgia —na versão de Moscou, estimuladas pelo Ocidente.

O pedido foi acompanhado de anúncios mais práticos. O regime afirmou que vai acelerar a expansão de um gasoduto da Ásia Central até a China e prometeu 26 bilhões de yuanes (R$ 18,3 bilhões) em "apoio financeiro". O comércio de Pequim com a região alcançou US$ 70 bilhões (R$ 347 bilhões) em 2022 e aumentou 22% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados chineses.

"A China está tentando convencer os países da Ásia Central que um novo mundo multipolar está emergindo", declarou à agência de notícias AFP Niva Yau, do centro de estudos Atlantic Council's Global China Hub. A analista destacou que há unanimidade entre os países sobre a estratégia de manter relações fortes com Pequim —muitas nações repensaram seu alinhamento com a Rússia após a invasão da Ucrânia e agora buscam apoio econômico, diplomático e estratégico de outras potências.

"O conflito levou à imposição de sanções ocidentais, o que enfraqueceu o poder da Rússia e provocou um declínio em sua influência na região", declarou à AFP Lu Gang, diretor do Centro de Estudos da Ásia Central da East China Normal University. "O resultado é que os países da Ásia Central estão enfatizando a cooperação econômica e o apoio político da China", acrescentou Lu.

O gigante oriental também mira a relação com outros países. Na próxima semana, o ministro de Comércio da China, Wang Wentao, vai se encontrar com sua homóloga americana, Gina Raimondo, em Washington. A visita inusual de um alto funcionário de Pequim aos EUA acontece em meio a um clima de tensão entre os dois países.

No ano passado, o presidente americano, Joe Biden, restringiu a venda de semicondutores para a China, medida seguida pelos principais aliados dos EUA. Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, disse que as relações de comércio entre os dois países decaíram por causa das "medidas protecionistas dos EUA".

"A China, como sempre, promove a abertura e a cooperação e continuará oferecendo oportunidades às empresas estrangeiras, incluindo as americanas", afirmou à imprensa. Na semana passada, Wang se reuniu com o ministro de Comércio da Austrália, Don Farrell, que comemorou a "fase positiva" nas relações entre os dois países após anos de tensões.

A reunião em Xian coincide com o encontro de cúpula do G7 em Hiroshima, que, entre outros temas, vai abordar a crescente influência da China no mundo.

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