Ex-líder da Escócia é presa em investigação em torno de finanças de seu partido

Defensora ferrenha da independência do país, Sturgeon renunciou ao cargo de primeira-ministra em fevereiro

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Londres | Reuters

A ex-primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon foi presa neste domingo (11), como parte de uma investigação sobre o financiamento do Partido Nacional Escocês (SNP), do qual ela faz parte.

A investigação analisa o que aconteceu com mais de 600 mil libras (R$ 3,6 milhões) arrecadadas para a campanha pela independência escocesa em 2017, mas que podem ter sido usadas para outros fins.

Mulher loira de cabelo curto é vista lateralmente
Nicola Sturgeon durante discurso em uma conferência na Escócia - 1.out.22 - Andy Buchanan/AFP

"Nicola Sturgeon compareceu, por acordo com a polícia da Escócia, ao interrogatório em que seria presa", afirmou seu porta-voz. "Ela disse que vai cooperar com a investigação e continua a fazê-lo."

Após ter sido interrogada, Sturgeon disse ser inocente. "Estar na situação em que me encontro hoje, quando tenho a certeza de que não cometi nenhum delito, é um choque e profundamente angustiante", afirmou em um post no Twitter. "Tenho a plena convicção de que sou inocente de qualquer irregularidade."

Antes, a polícia anunciou no Twitter que uma mulher de 52 anos havia sido presa em conexão com a investigação sobre as finanças do SNP, em um capítulo desconfortável para a sigla, cuja intenção é tornar o território, parte do Reino Unido, em um Estado autônomo e membro da União Europeia (UE).

Em abril, o marido de Sturgeon, Peter Murrell, e o então tesoureiro do partido, Colin Beattie, foram presos e depois liberados enquanto corria uma investigação mais profunda como parte do mesmo inquérito.

Sturgeon anunciou sua renúncia ao cargo em fevereiro. Uma das maiores defensoras da independência do país e primeira mulher a chefiá-lo, foi a primeira-ministra mais duradoura do governo semiautônomo —ficou no poder por mais de oito anos. Ela venceu sua primeira eleição aos 29, em 1999, e atuou como vice-primeira-ministra por sete anos antes de ser escolhida para liderar o país, em 2014.

Sturgeon deixou o posto longe de concretizar seu sonho, quase uma década depois de a população da Escócia ter rejeitado a proposta de se separar do Reino Unido em um plebiscito de 2014. O SNP defende, no entanto, que o brexit, a saída do Reino Unido do bloco europeu, algo hoje contestado pela maioria dos escoceses, alterou as regras do jogo e deu margem para a convocação de um novo referendo.

Em novembro, a Suprema Corte britânica jogou um balde de água fria sobre esse plano ao decidir que Edimburgo não pode realizar uma nova consulta pública do tipo sem o consentimento de Londres.

A saída de Sturgeon foi um golpe duro para o SNP, que também se dividiu após a nomeação, em março, de Humza Yousaf, 38, como o novo premiê. Primeiro muçulmano a liderar uma das nações do Reino Unido, ele é visto como uma continuidade do mandato da ex-primeira-ministra. Em entrevista à BBC, ele reiterou neste domingo que será "o líder que garantirá que a Escócia se torne uma nação independente".

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