Lula encontra líder de Cuba para descongelar relação entre os países

Presidente discutiu Brics e Ucrânia com presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e falou com premiê haitiano, Ariel Henry

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Paris

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quinta (22) com diversos líderes do chamado Sul Global em Paris. Uma das principais bilaterais foi com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em mais um esforço para descongelar a relação entre os países, que não tiveram diálogo ao longo da gestão de Jair Bolsonaro.

Segundo interlocutores do governo brasileiro, os dois discutiram a conjuntura mundial e questões da América Latina. O Brasil aprovou recentemente o nome do novo embaixador de Havana, Christian Vargas —o posto estava vago desde 2016. A representação cubana em Brasília também foi retomada nos últimos meses.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em Paris
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em Paris - Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação

De acordo com o governo, o Brasil está levantando o valor da dívida que Cuba ainda deve pagar ao país —a maior parte do montante está relacionada ao financiamento das obras do Porto de Mariel—, mas Lula e Díaz-Canel não teriam tratado sobre cifras, nem sobre investimentos.

O Brasil prevê ainda promover uma missão da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, na ilha, que enfrenta grave crise financeira. Cubanos representam a segunda nacionalidade que mais pede refúgio no Brasil, atrás dos venezuelanos. As cifras observadas no ano passado para cidadãos da ilha foi recorde.

Depois de Díaz-Canel, Lula recebeu o premiê do Haiti, Ariel Henry, a pedido do haitiano. Como a Folha mostrou, Brasília descarta assumir protagonismo nas propostas até aqui aventadas para mitigar a crise humanitária que se desenrola na nação caribenha, onde militares brasileiros por 13 anos lideraram uma missão chamada pela ONU.

Na reunião com Henry, o primeiro-ministro teria pedido cooperação do Brasil para agilizar nas Nações Unidas a aprovação de algum plano de ajuda. Brasília teria concordado e se comprometido a pensar em ampliar a cooperação bilateral com o país, o que hoje ocorre por meio de programas técnicos, como na área da saúde —prejudicados, porém, pela violência promovida por gangues armadas.

Lula também encontrou o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e discutiu opções para atuar pelo fim da Guerra da Ucrânia. O africano relatou as conversas que teve com os líderes ucraniano, Volodimir Zelenski, e russo, Vladimir Putin, e o impacto do conflito em seu país, com aumento do preço dos fertilizantes e a crise alimentar.

Tanto Lula quanto Ramaphosa buscam saídas de cooperação para o fim da guerra que não impliquem um alinhamento a um dos blocos.

Os dois líderes também discutiram a cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, prevista para agosto em Joanesburgo. A hoje presidente do banco do Brics, Dilma Rousseff, também se reuniu com Lula, assim que o petista chegou a Paris.

Lula ainda fará bilaterais com o presidente da COP28, Sultan Al Jaber, do governo dos Emirados Árabes Unidos. Mais de cem chefes de Estado estão em Paris para a Cúpula do Novo Pacto Financeiro, liderada pelo presidente francês, Emmanuel Macron. O anfitrião deve receber Lula para um almoço na sexta-feira (23).

A repórter viajou a convite da Embaixada da França no Brasil.

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