Um senador italiano surpreendeu seus colegas nesta quarta-feira (31) ao ler no Parlamento um discurso redigido por um chatbot, no Palazzo Madama, em Roma. Marco Lombardo disse que tomou a atitude para provocar "um debate sério" sobre os riscos e as oportunidades apresentados pela inteligência artificial.
A fala de Lombardo foi inteiramente produzida pelo ChatGPT, da OpenAI, apoiada pela Microsoft. O político disse à agência de notícias Reuters que sua equipe "levou algumas horas" para inserir as informações necessárias no software, que então produziu o discurso "instantaneamente".
"A intervenção que vocês escutaram agora não é minha. Para dizer a verdade, não é um produto da inteligência humana. É feito pela inteligência artificial do ChatGPT."
Lombardo disse ter ficado impressionado com os desenvolvimentos recentes no segmento, mas pediu uma melhor compreensão da tecnologia para encontrar equilíbrio entre regulamentação e inovação.
"Quantos de nós hoje somos capazes de distinguir entre um texto elaborado pela inteligência humana e um fluxo de pensamentos produzidos por um algoritmo?", questionou. "Quero fazer uma provocação para abrir um debate sério na Itália para analisar implicações éticas, econômicas e sociais da utilização de IA.
Segundo o jornal La Republica, esse foi o primeiro discurso publicamente proferido no plenário do Senado italiano produzido por inteligência artificial. "Hoje estamos aqui para discutir uma medida de fundamental importância para milhares de trabalhadores transfronteiriços e para as zonas fronteiriças entre a Itália e a Suíça", disse o senador, no pronunciamento produzido pelo chatbot.
"Por muito tempo, tive que lidar com um sistema jurídico antiquado e impreciso que não só dificultava a vida cotidiana das pessoas, mas representava um obstáculo para a cooperação entre os dois países".
Líder do Azione, partido do senador, Carlo Calenda elogiou o texto, mas fez um alerta: "Ainda não está claro se estamos olhando para o progresso ou para um retrocesso". A Itália foi um dos epicentros recentes dos esforços de regulamentação da inteligência artificial. Autoridades chegaram a banir temporariamente o ChatGPT no país pela suspeita de violação das regras de privacidade por parte do aplicativo.
O acesso ao chatbot foi restabelecido no final de abril, depois que a OpenAI "resolveu ou esclareceu" questões levantadas pela autoridade italiana de proteção de dados, conhecida como Garante.
A agência acusou a startup de não verificar a idade dos usuários do ChatGPT e de não ter "qualquer base legal que justifique a coleta e o armazenamento massivo de dados pessoais". Como resposta, a empresa disse que fornecerá maior visibilidade sobre sua política de privacidade e um novo formulário para usuários na União Europeia exercerem seu direito de se opor ao uso de seus dados pessoais.
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