A União Europeia tem discutido um plano de financiamento de quatro anos para a Ucrânia no valor de dezenas de bilhões de euros. A ideia do bloco é a de proporcionar um apoio mais sólido para o país que foi devastado pela guerra com a Rússia, iniciada em fevereiro do ano passado.
A nova abordagem da Comissão Europeia surge após críticas recebidas no último ano, justamente pela falta de um apoio financeiro constante à Ucrânia, cujas finanças sofrem imensa pressão desde a invasão.
Os defensores do plano, que ainda precisa ser desenvolvido, argumentam que esse orçamento daria maior segurança a Kiev. Também visa a encorajar outros aliados, como os Estados Unidos e o Reino Unido, a oferecerem compromissos semelhantes a longo prazo.
Os EUA prometeram mais de US$ 26 bilhões (R$ 130 bilhões) em apoio econômico em fevereiro, enquanto o Reino Unido se comprometeu a gastar 2,5 bilhões de libras (R$ 16 bilhões), com quantias ainda maiores em assistência militar, de acordo com o Instituto Kiel.
Se obtiver o consentimento de todos os membros da UE, o que não será fácil, o orçamento poderá ser usado para o apoio geral da Ucrânia, ampliando o atual pacote de assistência de € 18 bilhões (R$ 99 bilhões) deste ano. Os fundos também poderão ser usados para auxiliar o país a pagar necessidades imediatas de reconstrução, de alta prioridade, estimadas em US$ 14 bilhões (R$ 70 bilhões) só neste ano.
O plano de financiamento poderá exigir uma nova emissão de dívida pelo bloco. O estudo ocorre em meio a uma revisão do orçamento plurianual da União Europeia, que vai de 2021 a 2027, e foi amplamente esgotado pela guerra, pelo fluxo de refugiados e pela alta da inflação.
As propostas da comissão estão sendo esboçadas, mas poderão ficar prontas ainda neste mês, possivelmente antes da planejada conferência sobre a recuperação da Ucrânia, em Londres, marcada para ocorrer de 21 a 22 de junho. As autoridades esperam que, ao apresentar um financiamento de longo prazo, a UE encoraje os EUA a oferecerem sua própria assistência plurianual. Há uma crescente preocupação com o auxílio americano, dada a incerteza do ambiente político em Washington, à medida que se aproxima a eleição de 2024 e fatias do Partido Republicano se preocupam com a escala da ajuda aos ucranianos.
Os números envolvidos ainda não foram finalizados pela Comissão Europeia. O pacote estaria vinculado a requisitos de reforma contínua, bem como a controles para garantir que o dinheiro seja bem gasto.
Fazer com que os Estados-membros da UE aprovem a proposta por unanimidade será um desafio, em especial porque a Hungria já reteve rodadas anteriores de financiamento à Ucrânia como parte das táticas do premiê Viktor Orbán para tentar desbloquear bilhões de euros da UE para seu próprio país.
Em março, o Conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que estava fornecendo um mecanismo de financiamento estendido de US$ 15,6 bilhões para o país que duraria 48 meses, como parte do esforço renovado para colocar as finanças de Kiev em uma base mais segura. A Ucrânia indicou que suas necessidades de auxílio financeiro no próximo ano poderão ser tão grandes quanto em 2023.
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