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Submarino de turistas para o Titanic: é impossível escapar sem ajuda, diz jornalista que fez a viagem

Operações de buscas continuam no oceano Atlântico após submersível de turismo desaparecer

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Kathryn Armstrong
BBC News Brasil

Um jornalista que viajou a bordo do submarino de turismo ao local do naufrágio do Titanic diz ser impossível que as pessoas escapem da embarcação sem ajuda externa. O submersível desapareceu no oceano Atlântico no domingo (18), o que deu início a uma grande operação de busca.

David Pogue, repórter da emissora americana CBS, fez a viagem no ano passado e escreveu um relato da experiência. Ele disse que encontrar a embarcação a tempo é um desafio para as equipes de resgate.

Funcionários trabalham em submarino pequeno; acredita-se que embarcação desaparecida seja o Titan, da OceanGate
Funcionários trabalham em submarino pequeno; acredita-se que embarcação desaparecida seja o Titan, da OceanGate - CBS News

Em entrevista à BBC, Pogue explicou que os passageiros ficam "selados" na cápsula principal por vários parafusos colocados do lado de fora e que precisam ser removidos por uma equipe externa.

Ele disse que o submersível —que acredita-se ser o Titan, da empresa OceanGate Expeditions— tem sete mecanismos que permitem que a embarcação emerja. Para o jornalista, é "realmente preocupante" nenhuma delas ter funcionado, pelo que se sabe até agora.

A capacidade de emersão, ainda segundo Pogue, seria anulada caso o submarino tenha ficado preso ou em caso de vazamento. "Não há backup, não há cápsula de escape. É chegar à superfície ou morrer."

As equipes de resgate correm para localizar o submarino desaparecido, que em geral tem oxigênio para até quatro dias de navegação com uma tripulação de cinco pessoas, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

Agências governamentais, as Marinhas dos EUA e do Canadá e empresas comerciais que atuam em alto mar estão ajudando nas operações de resgate, disseram autoridades.

Os destroços do Titanic estão a cerca de 700 km ao sul de St John's, Newfoundland, no Canadá, embora a missão de resgate esteja sendo liderada de Boston, nos EUA. A família do empresário bilionário e explorador britânico Hamish Harding disse que ele era uma das pessoas a bordo do submarino.

Imagem da proa do Titanic a mais de 3.800 metros de profundidade na região da província canadense de Nova Escócia - Reuters

Para complicar ainda mais a missão, o GPS não funciona debaixo d'água, nem o rádio —o que significa que não há como se comunicar com a embarcação. "Quando o navio de apoio está diretamente sobre o submarino, as embarcações conseguem enviar mensagens de texto curtas entre si. Mas, claramente, essas mensagens não estão mais sendo respondidas", disse Pogue.

O jornalista lembrou que a Titan se perdeu por cerca de três horas durante a expedição em que ele participou no ano passado. Ele disse que hesitou em embarcar no submarino porque alguns dos componentes pareciam "meio improvisados". "Você dirige este submarino com um controle de jogo do Xbox, parte do lastro eram canos de construção abandonados."

De acordo com Pogue, o inventor do Titan e CEO da OceanGate, Stockton Rush, havia garantido que a cápsula principal de fibra de carbono tinha sido coprojetada com a Nasa e a Universidade de Washington e que era "sólida como uma pedra".

Em comunicado na segunda-feira (19), a OceanGate disse que seu "foco total eram os tripulantes do submersível e suas famílias". A empresa agradeceu "profundamente" a "extensa assistência" que tem recebido de agências governamentais e companhias envolvidas em operações em alto mar.

O Titanic, que era o maior navio de sua época, atingiu um iceberg em sua viagem inaugural de Southampton a Nova York, em 1912. Dos 2.200 passageiros e tripulantes a bordo, mais de 1.500 morreram. Os destroços do naufrágio vêm sendo explorados desde que foram descobertos, em 1985.


Este texto foi originalmente publicado aqui.

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