Descrição de chapéu China

China cancela viagem de chanceler da UE e recebe chefe do Tesouro dos EUA

Josep Borrell chegaria a Pequim na próxima segunda para discutir 'questões estratégicas', incluindo Guerra da Ucrânia

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Washington | Reuters e AFP

Sem dar explicações, a China cancelou nesta terça-feira (4) uma viagem que o chanceler da União Europeia (UE), o espanhol Josep Borrell, faria na próxima semana ao país asiático.

Com a visita, a Europa tentava reduzir os riscos nas relações com a nação que já foi definida pelo bloco como "parceiro para cooperação e negócios, concorrente econômico e rival sistêmico".

"Infelizmente, fomos informados pelos homólogos chineses de que as datas previstas não são mais possíveis e que devemos procurar alternativas", disse o porta-voz Nabila Massrali em um comunicado.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, encontra-se com o vice-premiê chinês, Liu He, para conversas em Zurique, na Suíça
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, encontra-se com o vice-premiê chinês, Liu He, para conversas em Zurique, na Suíça - Denis Balibouse - 18.jan.23/Reuters

Em entrevista coletiva nesta quarta (5), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, não deu detalhes sobre as razões para o cancelamento, mas não descartou uma nova tentativa. "Receberemos o representante Borrell na China o mais cedo possível para ambos os lados", disse ele.

O chanceler chegaria a Pequim na segunda (10), para discutir com seu homólogo chinês "questões estratégicas", como direitos humanos e Guerra da Ucrânia, segundo o embaixador da UE na China, Jorge Toledo. Ele disse ainda que ambas as partes debateriam economia e tecnologia em setembro.

Trata-se da segunda vez neste ano que uma visita de Borrell à China é cancelada —em abril, ele não pôde viajar depois de receber o diagnóstico de Covid. À época, o chanceler publicou um texto no mesmo dia em que discursaria em Pequim. "Será extremamente difícil, senão impossível, que a UE mantenha uma relação de confiança com a China se não houver ajuda na busca de uma solução política para a retirada da Rússia do território ucraniano", escreveu. A China diz querer intermediar a paz no conflito, mas sua proposta de negociação, divulgada em fevereiro, teve respostas mornas tanto da Rússia quanto da Ucrânia.

Já a viagem à China da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, segue de pé. A primeira visita da ex-presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central dos Estados Unidos, ao país tentará recalibrar os laços entre as duas maiores economias do mundo —uma promessa que se estende há alguns meses.

Autoridades dos EUA dizem esperar discussões "sinceras" durante a viagem, que começa nesta quinta (6) e vai até domingo (9). Na segunda (3), Pequim anunciou que limitaria as exportações de gálio e germânio, dois metais usados em chips —dispositivos que seguem escassos devido aos impactos da pandemia. Junto a uma nova lei contra espionagem, a medida é vista como prejudicial para a indústria americana.

As autoridades de Pequim, por sua vez, estão preocupadas com os planos do governo de Joe Biden para limitar os investimentos de empresas americanas na China —a economia no gigante asiático está se recuperando mais lentamente do que o esperado após o fim da política de Covid zero. No ano passado, os EUA também impuseram restrições às exportações de chips e componentes tecnológicos para a China.

A tão esperada viagem de Yellen ocorre semanas depois de o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitar Pequim e concordar com o líder chinês, Xi Jinping, que a rivalidade dos dois países não deveria se transformar em conflito —as comunicações militares entre as duas nações estão congeladas.

Para Wu Xinbo, professor da Universidade Fudan, Yellen é uma "voz da razão" no governo Biden, e os chineses esperam que a visita "melhore o clima" para futuras negociações. Já Derek Scissors, membro do American Enterprise Institute, afirmou que a secretária estava embarcando numa "viagem vazia".

"Na área de Defesa, os chineses não falam conosco, então parece que o lado econômico está sendo usado como um substituto", disse ele. "Não é irrelevante, mas é estranho." As relações diplomáticas e econômicas entre as duas potências têm se deteriorado gradualmente desde a presidência de Donald Trump. Biden, embora eventualmente faça acenos ao país rival, disse durante um recente evento de campanha na Califórnia que Xi era um ditador, o que Pequim considerou uma provocação.

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