Descrição de chapéu LGBTQIA+

Irã afasta fiscal da moralidade após suposto vídeo de sexo gay

Material, divulgado por um veículo crítico ao regime, não foi verificado de forma independente e aumentou tensão no país

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São Paulo

Um vídeo de sexo entre dois homens teria levado ao afastamento do cargo de uma autoridade responsável por promover valores islâmicos no Irã. Isso porque um dos homens filmados teria sido o próprio funcionário Reza Tsaghati, que atua na província de Gilan.

A gravação, que viralizou nas redes sociais, não teve sua autenticidade confirmada de forma independente e foi divulgada no Telegram pela Radio Gilan, canal crítico ao regime. Tsaghati foi removido do cargo enquanto é investigado —a homossexualidade é crime punível com pena de morte no país.

Mulher iraniana passa em frente a um cartaz que exibe o líder do Irã, o aiatolá Ali Khamenei - Atta Kenare - 9.mar.22/AFP

No início deste mês, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, atacou a comunidade LGBTQIA+ em uma visita a Uganda, na África. "O Ocidente está tentando promover a ideia da homossexualidade e, ao promovê-la, está tentando acabar com a geração de seres humanos."

Após um período de silêncio, o Departamento de Orientação Cultural e Islâmica se manifestou sobre o caso do vídeo no último dia 22, em um comunicado que menciona a "suspeita de um passo em falso do promotor de valores islâmicos em Gilan". O regime afirmou que o episódio seria analisado, mas repudiou o uso do vídeo para "enfraquecer a honrada frente cultural da Revolução Islâmica".

A despeito da veracidade da gravação, o episódio colocou mais tensão no país, que no ano passado foi palco de protestos massivos após a morte de Mahsa Amini, 22, sob a custódia da polícia moral por supostamente não usar corretamente o hijab, o véu islâmico, em Teerã. Tsaghati, que já ocupou outros cargos no regime, fundou uma organização de incentivo à castidade e ao uso do véu.

Os atos foram a maior demonstração de oposição ao regime em anos, com muitos pedindo o fim do controle que vigora desde 1979. As manifestações foram reprimidas com violência —segundo a Human Rights Watch, forças de segurança usaram armas de fogo contra os manifestantes "em ambientes amplamente pacíficos e muitas vezes lotados".

De acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos mais de 500 pessoas foram mortas em mais de cem dias de protestos, entre as quais 69 menores de idade. Na época, potências ocidentais anunciaram a intensificação de sanções contra o país. Peyman Behboudi, editor-chefe do canal que divulgou o vídeo, disse que continuaria expondo "a corrupção entre os funcionários do regime".

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