Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Otan aumenta presença no mar Negro contra a Rússia

Motivo é fim de pacto para exportação de grãos da Ucrânia; Reino Unido vê risco de bloqueio naval

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São Paulo

A Otan, aliança militar ocidental, anunciou nesta quarta (26) que aumentará os voos de reconhecimento e patrulha com aviões e drones no mar Negro em resposta à escalada da tensão com a Rússia na região.

Na última semana, Moscou deixou o acordo para exportação de grãos ucranianos pelo mar, denunciando a falta de contrapartida que favorecia o fluxo de seus produtos. Ao mesmo tempo, iniciou uma campanha de bombardeio a portos da Ucrânia e colocou um navio-patrulha no sul da região, insinuando um bloqueio.

Avião de vigilância naval e espionagem P-8 Poseidon dos EUA, um dos modelos que opera no mar Negro
Avião de vigilância naval P-8 Poseidon dos EUA, um dos modelos que opera no mar Negro - Daniel J. Meshel - 3.fev.12/Marinha dos EUA via Reuters

Ele foi sugerido numa declaração de que qualquer navio seria considerado um alvo militar legítimo na rota saindo da região de Odessa, a principal área portuária ucraniana. Kiev fez o mesmo na sequência. Nesta quarta, o Reino Unido afirmou acreditar que os russos preparam um bloqueio naval completo na região.

O navio russo em questão, o Serguei Kotov, foi atacado por dois drones marítimos ucranianos na terça-feira (25), mas conseguiu destrui-los. Na véspera, Moscou havia bombardeado com drones dois portos de grãos ucranianos em um ponto ultrassensível, o estuário do rio Danúbio. As explosões ocorreram a 200 metros da Romênia, país que é membro da Otan e que faz fronteira com a Ucrânia.

Assim, o Conselho Otan-Ucrânia, criado na cúpula da entidade no início do mês, reuniu-se nesta quarta e decidiu pelo incremento nos voos de aviões como os P-8 Poseidon e drones como o MQ-9 Reaper, ambos americanos mas operados também por aliados. O avião-robô é do modelo derrubado após o choque com um caça russo no mar Negro, em março, e objeto de incidentes similares quase tão graves sobre a Síria neste mês. Isso dá a medida do risco que a maior quantidade de aparelhos da Otan na região implica.

Em novembro passado, um caça russo Su-27 disparou um míssil perto de um avião espião britânico RC-135, em episódio que poderia ter levado a uma escalada imprevisível, dada a belicosidade de Londres no apoio à Ucrânia. Mesmo antes da guerra, um navio do Reino Unido cruzou águas que a Rússia reivindica perto da Crimeia e acabou vendo bombas serem jogadas por caças-bombardeiros em seu caminho.

Embora apoie, arme e treine Kiev, a aliança não faz parte do conflito oficialmente para evitar uma Terceira Guerra Mundial entre a Rússia e os 31 países do grupo, três dos quais potências nucleares como Moscou.

Os russos também determinaram uma nova área do mar Negro em que navios estão sujeitos a inspeção e são recomendados a não navegar. "Os aliados notam que a nova área, que inclui a zona econômica exclusiva da Bulgária [um membro da Otan], cria novos riscos para erros de cálculo e escalada, assim como sérios obstáculos à liberdade de navegação", afirmou a aliança militar ocidental.

Além da questão econômica, Moscou alega que o trecho de mar que vai de Odessa até o Danúbio foi usado para lançar ataques com drones marítimos contra a Crimeia, particularmente a ponte que liga a península anexada à Rússia, como na segunda retrasada. Nesta quarta, o Serviço de Segurança da Ucrânia afirmou que foi o responsável pelo maior ataque à obra, ocorrido no ano passado com um caminhão-bomba. A autoria ucraniana era conhecida, mas não o órgão que conduziu a ação.

Enquanto essa nova frente se desenvolve dia a dia, Moscou seguiu com uma quarta-feira particularmente ativa de bombardeios. Kiev e outras duas regiões foram alvejadas mais cedo por mísseis de cruzeiro e, à noite (tarde no Brasil), por modelos hipersônicos Kinjal. Ainda não há relatos de danos ou vítimas.

Em solo, a contraofensiva ucraniana lançou um de seus ataques mais fortes desde o seu início, em 4 de junho, com cerca de 80 blindados tentando romper a frente russa na região de Zaporíjia, no sul, perto da cidade de Orikhiv. Segundo blogueiros militares russos como o famoso Rybar, as batalhas estão intensas, enquanto o Ministério da Defesa em Moscou disse que o avanço foi contido. Kiev não se manifestou.

Ao norte, por sua vez, há relatos de avanços de forças russas na região de Lugansk, que teriam entrado 3 km em um ponto pouco explorado da frente de batalha, que soma cerca de 1.000 km de comprimento.

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