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Pastor do funeral de menina sequestrada nos EUA é acusado de assassinato dela

Gretchen Harrington tinha 8 anos quando foi morta em 1975 após participar de acampamento bíblico

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Sam Cabral
BBC News Brasil

Um pastor aposentado de uma igreja nos Estados Unidos que conduziu há quase meio século o funeral de uma menina morta após um sequestro é agora acusado de ser o autor do assassinato.

Gretchen Harrington tinha 8 anos quando desapareceu na Filadélfia, em agosto de 1975, enquanto participava de um acampamento bíblico de verão. No início deste ano, uma mulher cuja identidade não foi revelada disse aos investigadores acreditar que o pai de sua melhor amiga participou do crime.

O pastor aposentado David Zandstra, acusado de envolvimento no assassinato de menina de 8 anos
O pastor aposentado David Zandstra, acusado de envolvimento no assassinato de menina de 8 anos - Divulgação/Promotoria do condado de Delaware

David Zandstra, 83, é acusado de assassinato e sequestro de menor de idade. "Ele é o pior pesadelo de todos os pais", disse Jack Stollsteimer, promotor do condado de Delaware, na segunda-feira (24).

"Ele matou a pobre menina de oito anos que o conhecia e confiava nele. Depois, agiu como se fosse amigo da família, não só no enterro da criança, mas nos períodos seguintes, por anos."

O interesse no caso foi renovado em parte por um livro publicado no ano passado, chamado "Marple's Gretchen Harrington Tragedy: Kidnapping, Murder and Innocence Lost in Suburban Philadelphia" (sequestro, assassinato e inocência perdida no subúrbio da Filadélfia, em português).

Em 1975, Zandstra era pastor da Trinity Christian Reformed Church. Acampamentos bíblicos eram realizados no local todas as manhãs —e ele depois transportava as crianças para uma segunda igreja.

Mas Gretchen não apareceu na igreja em uma manhã de 1975, e foi o próprio Zandstra quem reportou o sumiço à polícia. Os restos mortais da menina foram encontrados num bosque quase dois meses depois.

O suspeito foi amigo da família, participou de operações de busca e até presidiu o funeral da criança, segundo a CBS News. Os investigadores dizem que Zandstra convidou Gretchen para entrar em seu carro assim que ela saiu do campo de visão de seu pai, que antes a observava da porta de casa.

Uma testemunha interrogada dias após o assassinato relatou ter visto a menina falar com o motorista de um veículo semelhante à caminhonete verde usada por Zandstra na década de 1970. Quando questionado pela polícia na época, o pastor negou ter visto Gretchen no dia de seu desaparecimento.

Em janeiro, os investigadores falaram com a melhor amiga da filha de Zandstra. Ela disse que costumava dormir na casa do pastor e, aos 10 anos, acordou uma vez com ele a apalpando. A mulher mostrou ainda um diário de 1975 em que escreveu: "Pode ser ele quem sequestrou Gretchen. Acho que foi o senhor Z."

Zandstra se mudou várias vezes, morando na Califórnia e no Texas antes de ser preso na semana passada na Geórgia pela polícia estadual da Pensilvânia —a essa altura, a polícia diz que ele confessou o crime.

O suspeito está detido em uma prisão local e deve ser extraditado para a Pensilvânia. Joanna Falcone Sullivan, que escreveu "Marple's Gretchen Harrington Tragedy", afirma acreditar que seu livro, redigido em parceria com Mike Mathis, ajudou a revelar novas pistas.

A escritora disse ter entrevistado Zandstra para o livro, e ele "parecia não se lembrar de tudo o que aconteceu naquela manhã [do desaparecimento]. Sua esposa se lembrava bem melhor". "Nós meio que atribuímos isso à idade", diz Sullivan à BBC. "A história afetou muito a comunidade."

O policial que teria ouvido Zandstra confessar o crime afirmou na segunda que o suspeito parecia aliviado. "Não sei se ele está arrependido, mas com certeza tirou um peso dos ombros", afirmou Eugene Tray.

Em nota, a família Harrington disse que a prisão é "um passo no caminho à justiça". "Se você conhecesse Gretchen, virava amigo dela na hora. Ela exalava bondade a todos, era doce e gentil", diz trecho do texto. "Mesmo agora, quando as pessoas compartilham suas memórias, a primeira coisa que falam é o quão incrível ela era e ainda é. [...] Com apenas 8 anos, ela teve um impacto permanente nas pessoas ao redor."


Este texto foi originalmente publicado aqui.

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