Como funciona teleférico improvisado em que pessoas ficaram presas no Paquistão

Equipamentos do tipo são comuns em áreas sem infraestrutura em razão de seu baixo custo

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BBC News Brasil

Sete pessoas, incluindo crianças, ficaram presas e penduradas em um teleférico sobre um precipício na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão, nesta terça-feira (22). Imagens do teleférico balançando de maneira precária a 274 metros de altura rodaram o mundo.

Mas teleféricos improvisados são amplamente usados no leste de Mansehra e na região da Caxemira paquistanesa, estendendo-se até Gilgit-Baltistan, outro território do país, no norte.

Existem muitos tipos diferentes de teleféricos improvisados - 2007/Getty Images/via BBC

Em uma região com pouca infraestrutura e onde enfrenta-se longas distâncias para ter acesso a serviços públicos como escolas, os teleféricos nascem da necessidade e são construídos até com componentes retirados do lixo. Eles são construídos pelas comunidades locais —a maioria de forma ilegal, não só porque é mais barato mas também porque não há infraestrutura alternativa.

Às vezes, eles são feitos com a parte superior da carroceria de uma caminhonete. Uma Suzuki, por exemplo, pode ser convertida em uma grande cabine usada para transportar pessoas e gado. Em seguida, eles são presos a um cabo —que também pode ser sucata— por meio de cordas. Embora perigosos, as pessoas costumam usar esses teleféricos para atravessar rios e encurtar a distância necessária para viajar entre vales nas montanhas.

Em Allai —a área montanhosa onde as sete pessoas ficaram presas na terça-feira— não há infraestrutura rodoviária ou instalações básicas. Como resultado, um morador local obteve permissão da administração da cidade para construir o teleférico, segundo a polícia confirmou à BBC News.

Conhecido pelos moradores como "Dolly", ele liga a aldeia de Jangri a Batangi, onde fica a escola local. O que normalmente seria uma caminhada de duas horas foi reduzida para apenas quatro minutos no teleférico.

Ventos fortes tornaram o resgate particularmente difícil, uma vez que ele foi feito com a ajuda de soldados do Exército içados em helicópteros - Altaf Hussain/via BBC

'Inspeções de segurança'

A polícia disse que verificava o equipamento todos os meses, mas a BBC News não conseguiu confirmar essa informação.

A acessibilidade do teleférico em Allai também o torna um meio de transporte atraente. Ele custa muito menos do que uma viagem de ônibus ou carro, embora a tarifa mude dependendo da distância percorrida.

Um morador local, Mohabbat Shah, disse que a população está disposta a correr o risco associado ao equipamento. "Pagamos apenas 10 rúpias (cerca de R$ 0,60) por pessoa em uma viagem só de ida. Se reservarmos um táxi, isso custará até 2.000 rúpias (cerca de R$ 120)", disse ele à BBC.

Embora este teleférico específico não tivesse apresentado defeitos até o incidente de hoje, outros ao redor do país já causaram problemas.

Em 2017, um deles caiu em Murree, Punjab, matando os 11 passageiros que viajavam nele. Em dezembro do ano passado, a mídia local informou que 12 crianças tiveram que ser resgatadas depois que uma corda se partiu em Abbottabad, Khyber Pakhtunkhwa. Elas estavam a caminho da escola e ficaram presas a 61 metros sobre um rio até que pudessem ser salvas.

Após o incidente desta terça-feira, o primeiro-ministro interino do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, ordenou "inspeções de segurança de todos esses teleféricos particulares para garantir que eles sejam seguros para uso". Mas sem investimentos significativos em novas infraestruturas, os teleféricos continuarão a ser o principal meio de transporte para a maioria das pessoas na região montanhosa.

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