Descrição de chapéu Rússia China Brics

Líderes do Brics concordam em expandir bloco, diz chanceler da África do Sul

País anfitrião de cúpula confirma decisão que abre caminho para candidaturas de nações interessadas em aderir

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Joanesburgo (África do Sul) | Reuters

Os líderes do Brics, bloco atualmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, concordam em desenvolver mecanismos para admitir novos membros, disse nesta quarta-feira (23) o governo sul-africano. Na prática, a decisão abre caminho para nações interessadas se juntarem ao grupo que se comprometeu a defender o chamado Sul Global.

"Concordamos sobre a questão da expansão", disse a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, à Ubuntu Radio, uma emissora administrada por seu ministério, após uma reunião dos líderes do Brics em uma cúpula de três dias em Joanesburgo. "Temos um documento que adotamos que estabelece diretrizes e princípios, processos para considerar países que desejam se tornar membros do Brics. Isso é muito positivo."

Os líderes Lula (Brasil), Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Narendra Modi (Índia) e o chanceler Serguei Lavrov (Rússia) na cúpula do Brics, em Joanesburgo - Gianluigi Guercia - 23.ago.23/Reuters

O acordo de expansão pode ajudar a dar influência global ao Brics em um momento em que a polarização geopolítica está estimulando esforços de Pequim e Moscou para transformá-lo em uma espécie de contraponto ao Ocidente. O presidente Lula (PT), no entanto, tem dito que o bloco não tem a intenção de ser um antagonista de outros grupos, como o G7, tampouco de fazer frente aos Estados Unidos.

A ampliação do Brics foi o principal tema da agenda na cúpula em Joanesburgo. Embora todos os países-membros tenham expressado publicamente apoio ao crescimento do bloco, houve divisões entre os líderes sobre a quantidade de novas adesões, os critérios adotados e o ritmo em que elas ocorrerão.

Até terça (22), a lista de candidatos de maior potencial Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argentina. Nesta quarta, o Irã também ganhou força —o país é um adversário histórico dos EUA, assim como Cuba, Venezuela e Belarus, que também pediram para ingressar.

Os critérios que vão balizar como uma ampliação pode ocorrer estão sendo negociados por diplomatas dos cinco países integrantes. Pandor não deu detalhes sobre o método de avaliação de candidaturas e disse que os líderes do bloco farão um anúncio sobre a expansão antes do término da cúpula, na quinta-feira.

No entanto, Celso Amorim, assessor internacional para política externa de Lula, pronunciou-se sobre o assunto nesta quarta. O ex-chanceler deu uma declaração que vai na contramão do discurso oficial que vinha sendo adotado pelo governo brasileiro sobre a expansão do grupo: segundo ele, primeiro serão escolhidos os novos membros, e só depois os critérios de admissão serão estabelecidos.

"Esse negócio de critérios, sabe... Você escolhe os países e aí depois você define os critérios", afirmou. "Os países que estão colocados ali. Não vou dizer que é um critério absoluto, mas é natural que você procure algum equilíbrio geográfico. Países que representem uma certa diversidade, mas o Brasil não tem problema com nenhum dos nomes que estão colocados", completou.

Até o momento, autoridades brasileiras, incluindo Lula, vinham destacando que era preciso definir quais os critérios e as regras para a seleção dos novos membros antes de definir quais serão os novos sócios.

Segundo interlocutores, a Indonésia manifestou aos atuais membros que gostaria de discutir seu ingresso num outro momento. O obstáculo para os indonésios aderirem agora ao bloco seria o fato de que eles ocupam atualmente a presidência rotativa da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático).

Dessa forma, além da inclusão do Irã, os países estão debatendo a entrada de mais um país africano, para seguir um critério de equilíbrio geográfico. Ao todo, mais de 20 países manifestaram interesse em entrar no clube.

Na terça, o conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, disse que o governo dos EUA não vê o Brics como rival geopolítico, destacando que o bloco é diverso "em sua formação atual". Não está claro como Washington reagiria à adesão de países considerados rivais.

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