Descrição de chapéu Brics China Rússia

Critérios para entrar no Brics se adaptarão à escolha dos membros, diz Amorim

Entre mais de 20 postulantes, Irã ganha força para integrar bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

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Joanesburgo (África do Sul)

Com o patrocínio de Rússia, China e África do Sul, o Irã entrou na lista de candidatos fortes para serem admitidos no Brics, bloco que inclui também o Brasil e a Índia.

Celso Amorim, assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para política externa, deu nesta quarta-feira (23) uma declaração que vai na contramão do discurso oficial que vinha sendo adotado pelo governo brasileiro sobre a expansão do grupo: segundo ele, primeiro serão escolhidos os novos membros, e só depois os critérios de admissão serão estabelecidos.

Homem grisalho gesticula enquanto fala ao microfone
Celso Amorim, assessor internacional da Presidência - Mauro Pimentel/AFP

"Esse negócio de critérios, sabe... Você escolhe os países e aí depois você define os critérios", afirmou o ex-chanceler. "Os países que estão colocados ali. Não vou dizer que é um critério absoluto, mas é natural que você procure algum equilíbrio geográfico. Países que representem uma certa diversidade, mas o Brasil não tem problema com nenhum dos nomes que estão colocados", completou.

Até o momento, autoridades brasileiras, incluindo Lula, vinham destacando que era preciso definir quais os critérios e as regras para a seleção dos novos membros antes de definir quais serão os novos sócios.

Lula e os líderes Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Narendra Modi (Índia) estão em Joanesburgo para negociar como se dará a expansão da entidade. Até terça (22), a lista de candidatos de maior potencial era composta por Argentina, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito e Indonésia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa virtualmente. Ele decidiu não viajar a Joanesburgo devido a um mandado de prisão emitido pelo TPI (Tribunal Penal Internacional) por supostos crimes de guerra cometidos na Ucrânia. A África do Sul é signatária do tratado que criou a corte e, em tese, é obrigada a prender o líder russo caso ele desembarcasse em território sul-africano.

Segundo interlocutores, a Indonésia manifestou aos sócios atuais do Brics que gostaria de discutir seu ingresso num outro momento. O obstáculo para os indonésios aderirem agora ao bloco seria o fato de que eles ocupam atualmente a presidência rotativa da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático).

Dessa forma, além da inclusão do Irã, os países estão debatendo a entrada de mais um país africano, para seguir um critério de equilíbrio geográfico. Ao todo, mais de 20 países manifestaram interesse em entrar no clube. A lista inclui, entre outros, Argélia, Bangladesh, Belarus, Cuba, Marrocos, Nigéria e Venezuela.

Antes do início da cúpula, Amorim disse que o encontro em Joanesburgo representa uma "afirmação global" e que o interesse de outros países em aderir ao Brics demonstra "uma nova força no mundo". No primeiro dia do evento, na terça, Lula negou que o bloco busque servir de alternativa ao G7 —o grupo dos países industrializados, liderado pelos Estados Unidos. "A gente não quer ser contraponto ao G7 ou ao G20, nem aos EUA. A gente quer se organizar. A gente quer criar uma coisa que nunca teve", afirmou.

Horas depois, o conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, disse que o governo dos EUA não vê o Brics como rival geopolítico, destacando que o bloco é diverso "em sua formação atual" —a não está claro como Washington reagiria à adesão de países considerados rivais, como Irã e Venezuela.

Amorim acompanhou Lula na restrita reunião com os demais líderes que ocorreu na noite de terça. Na ocasião, os líderes debateram a expansão. Nova rodada de conversas estava prevista para esta quarta.

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