Descrição de chapéu China

China divulga novo mapa com território ampliado e gera protestos de vizinhos

Tracejado incorpora ilha de Taiwan e áreas contestadas no mar do Sul da China e na fronteira com a Índia

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Manila (Filipinas) | Reuters

A divulgação pela China de um novo mapa com traçado mais amplo das fronteiras nacionais e que incorpora áreas em disputa aumentou a tensão regional e gerou protestos de vizinhos do gigante asiático.

Em tom duro, Índia, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã disseram que o documento não tem fundamento e acusaram Pequim de adotar uma postura expansionista com a reivindicação de regiões contestadas, incluindo o mar do Sul da China, área estratégica cuja soberania é disputada por vários países.

Guarda costeiro filipino monitora navios chineses no recife disputado de Sabina, no mar do Sul da China
Guarda costeiro filipino monitora navios chineses no recife disputado de Sabina, no mar do Sul da China - 27.abr.21/Guarda Costeira das Filipinas via AFP

O mapa foi divulgado na segunda (28) pelo Ministério de Recursos Naturais chinês. Pequim diz que o novo tracejado é baseado em documentos históricos e que foi estabelecido com "critérios racionais". Segundo o regime chinês, desde 2006 o país publica anualmente novas versões de seu mapa para "corrigir problemas".

Em nota divulgada nesta quinta (31), o governo das Filipinas instou o vizinho a agir de "forma responsável" e a respeitar o entendimento do tribunal em Haia, que em 2016 apontou que Pequim não têm base legal para reivindicar "direitos históricos" sobre a maior parte do mar do Sul da China.

O regime chinês diz que não reconhece a legitimidade da sentença e reivindica grande parte do território pelo qual transitam trilhões de dólares em mercadorias todos os anos. "[A divulgação do mapa] é a mais recente tentativa de legitimar a suposta soberania da China sobre as características e zonas marítimas das Filipinas, sem base no direito internacional", disse o Ministério das Relações Exteriores filipino.

Outros países da região já haviam apresentado protestos diplomáticos contra Pequim. O Ministério das Relações Exteriores do Vietnã disse que as reivindicações chinesas não têm valor e violam as leis internacionais. Pham Thu Hang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ainda acusou a China de usar a força contra barcos de pesca vietnamitas que navegam no mar do Sul da China.

A Índia foi a primeira a reclamar, na terça (29), quando protestou contra a incorporação do estado indiano de Arunachal Pradesh, localizado no noroeste do país, mas reivindicado pela China que o considera parte da região autônoma do Tibete. Nova Déli ainda questionou a indexação de Aksai-Chin, região situada na Caxemira disputada por Índia e Paquistão e com uma pequena parte administrada pela China.

Segundo o ministro das Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar, o mapa apresentado pela China é absurdo. "No passado, Pequim já havia publicado mapas que reivindicam territórios que não são da China, que pertencem a outros países. É um hábito antigo deles", afirmou ao canal local NDTV.

O mapa chinês ainda incorpora a ilha de Taiwan, província considerada rebelde por Pequim. Questionado sobre o documento, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores taiwanês, Jeff Liu, disse que a ilha "absolutamente não faz parte da República Popular da China". "Não importa o quanto o a China distorça a posição sobre Taiwan, eles não podem mudar o fato da existência do nosso país".

Nos últimos meses, o regime de Xi Jinping aumentou as pressões militar e política sobre Taiwan, prometendo retomar a ilha à força se necessário. O ápice das tensões aconteceu em agosto passado, quando a então presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, fez a primeira visita de uma alta autoridade americana em 25 anos ao território. Em resposta, as forças chinesas simularam um "cerco total" a Taiwan.

Segundo a emissora estatal China Central Television, Pequim está realizando uma "semana nacional de publicidade para conscientização de mapas". Questionado sobre o motivo das mudanças no tracejado, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, limitou-se a dizer que o posicionamento do regime sobre seus territórios sempre foi "inequívoco".

"A posição da China sobre a questão do mar do Sul da China sempre foi clara. As autoridades competentes atualizam e divulgam regularmente vários tipos de mapas padrão todos os anos", disse ele.

No começo do mês, a tensão no mar do Sul da China aumentou após a Guarda Costeira chinesa usar canhões de água contra navios filipinos que escoltavam embarcações com suprimentos para suas tropas mobilizadas no banco de areia Ayungin, ou Second Thomas, como também é chamado. Ninguém ficou ferido durante o incidente, mas um dos dois barcos filipinos que transportavam suprimentos não conseguiu completar sua missão.

O episódio minou os esforços para fortalecer a confiança entre Manila e Pequim. Os elos entre as nações ficaram tensos sob a gestão do atual presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., que voltou sua atenção para seu aliado tradicional, os Estados Unidos, rival da China na Guerra Fria 2.0.

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