Descrição de chapéu Partido Republicano

Juiz decide que Trump é responsável por difamação de jornalista nos EUA

Em novo julgamento, júri fixará apenas o valor da indenização que o republicano deverá pagar a Elizabeth Jean Carroll

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Nova York | Reuters

Um juiz federal dos Estados Unidos determinou nesta quarta-feira (6) que o ex-presidente americano Donald Trump é responsável por mais uma difamação contra a jornalista Elizabeth Jean Carroll em 2019 e que, portanto, um julgamento marcado para 15 de janeiro sobre o caso se limitará apenas a fixar a indenização que o republicano deverá pagar à escritora.

A decisão é uma derrota para o republicano, que tenta transformar em trunfo político os problemas judiciais que enfrenta no momento em que embarca em uma campanha à Presidência. Recaem ainda sobre Trump quatro acusações criminais, incluindo duas por tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020 —o político se declara inocente em todos os casos.

A jornalista Elizabeth Jean Carroll e o ex-presidente dos EUA Donald Trump no Tribunal Federal de Manhattan - Kena Betancur e Andrew Kelly/Reuters

A decisão desta quarta remonta a um julgamento de maio deste ano. Na ocasião, jurados em processo civil em Nova York decidiram que Trump abusou sexualmente de Carroll na década de 1990 e a difamou em 2022 por chamá-la de mentirosa. Embora tenha concluído que houve abuso sexual —suficiente para responsabilizá-lo por agressão—, o júri da corte federal de Manhattan rejeitou a acusação inicial de estupro.

Segundo o juiz distrital Lewis Kaplan, esse veredicto, no qual Trump recebeu a ordem de pagar US$ 5 milhões a Carroll, elimina a necessidade de reexaminar se o republicano a difamou em 2019 —a jornalista voltou a processar o ex-presidente no mesmo mês em que ganhou a causa. A legitimidade das declarações de Trump, argumentou o juiz, dependem da veracidade do relato de agressão sexual da jornalista, e o júri já concluiu em maio que ela não mentiu.

O juiz também rejeitou o pedido do ex-presidente para considerar o veredicto anterior e reduzir a indenização à Carroll, que pediu US$ 10 milhões.

Os advogados de Trump não responderam imediatamente à agência de notícias Reuters a pedidos de comentário. Já Roberta Kaplan, que representa a jornalista, disse aguardar ansiosamente o julgamento.

Colunista da revista de moda Elle por 26 anos, Carroll trouxe o caso à tona em 2019, quando a New York Magazine publicou um trecho de seu livro de memórias. Na sua versão, ela se encontrou casualmente com Trump na loja Bergdorf Goodman da Quinta Avenida, em Nova York. Naquela época, Trump era um proeminente empresário imobiliário, e ela, uma conhecida jornalista e apresentadora de televisão.

Durante o processo, Carroll disse em depoimento oficial que Trump a teria empurrado contra a parede e estuprado no vestiário da loja. Os jurados tiveram a tarefa de decidir se houve estupro, abuso sexual ou toques à força na ocasião —uma agressão em qualquer uma das hipóteses. Posteriormente, eles foram provocados a decidir se Trump difamou Carroll ao afirmar que ela havia inventado as acusações para tentar aumentar as vendas de seu livro de memórias e prejudicá-lo politicamente.

Em outro desdobramento dos casos judiciais contra Trump, também nesta quarta, promotores da ação que o acusa de interferir no resultado eleitoral da Geórgia afirmaram que o julgamento deve durar quatro meses. A estimativa é do promotor Nathan Wade, que disse que o cálculo não inclui a seleção do júri e que 150 testemunhas devem ser chamadas.

Além disso, dois dos 19 réus do caso serão julgados já em outubro. A procuradora Fani Willis, que lidera o caso, havia pedido que todos os acusados passassem juntos pelo julgamento, mas o juiz, até aqui, não achou essa opção viável.

O caso corresponde ao quarto processo criminal ao qual o republicano responde. Na gravação de uma chamada que veio a público em janeiro de 2021, Trump diz à principal autoridade eleitoral do estado, o secretário de Estado Brad Raffensperger, ter ganhado na Geórgia. "Veja, tudo o que quero é isso: encontrar 11.780 votos, um a mais do que temos [de diferença]", afirmou ele na ocasião —pouco depois das eleições de 2020, na qual perdeu para o atual presidente, Joe Biden.

O número pedido por Trump era suficiente para que ele ultrapassasse o democrata no estado-pêndulo, como são chamados aqueles cuja preferência oscila entre democratas e republicanos.

Foram listadas 13 acusações contra Trump, entre as quais as de violar a Rico (legislação estadual usada contra o crime organizado), solicitar a um oficial público que violasse seu juramento, conspirar para se passar por um oficial público, conspirar para cometer falsificação de primeiro grau e conspirar para apresentar documentos falsos. Considerando todos os 19 réus, são 41 acusações no total.

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