Republicanos retiram apoio a aliado de Trump à presidência da Câmara dos EUA

Pela terceira vez, Jim Jordan não conseguiu se eleger, e Casa segue paralisada

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Washington

Após fracassar pela terceira vez em sua tentativa de se eleger presidente da Câmara nesta sexta (20), Jim Jordan perdeu o apoio do Partido Republicano como seu candidato ao posto. A decisão ocorreu por meio de uma votação secreta da bancada do partido.

A derrota do deputado conservador de Ohio, endossado por Donald Trump, é mais um capítulo no caos pelo qual os republicanos enveredaram após uma ala radical do partido decidir remover, pela primeira vez na história, o então presidente da Câmara, Kevin McCarthy.

Uma nova discussão interna para indicar o próximo candidato do partido ao cargo está prevista para o fim da noite de segunda (23), com uma votação planejada para terça. A Casa já está há 17 dias sem o líder, o que a impede de votar qualquer outro tema —como o pacote emergencial de ajuda a Israel e Ucrânia enviado pela Casa Branca nesta sexta.

O republicano Jim Jordan, indicado pelo partido para a presidência da Câmara, durante sessão na Casa nesta sexta (20) em que perdeu mais uma vez a eleição para o posto - Getty Images via AFP

Para ser eleito, um deputado precisa reunir 217 votos. Como os republicanos têm uma vantagem pequena na Câmara, de apenas nove votos, isso significa que o partido precisa praticamente votar em bloco em um único candidato.

Jordan, porém, vinha sofrendo resistência dentro da bancada. Enquanto na primeira votação, na última terça, 20 colegas de partido não votaram nele, na quarta esse número subiu para 22 e, nesta sexta, para 25. Divergências internas têm inviabilizado a aglutinação em torno de um nome.

Na tentativa de virar votos, os oito republicanos que votaram pela remoção de McCarthy no início do mês, liderados por Matt Gaetz, da Flórida, assinaram uma carta nesta sexta afirmando que aceitariam "censura, suspensão ou remoção da bancada" em troca da eleição de Jordan.

Gaetz descreveu a retirada de apoio ao republicano de Ohio como uma "facada nas costas". Já McCarthy afirmou que a história verá como "insuperável" o dano causado pela rebelião de seus colegas contra sua presidência. "O partido está em um momento ruim", disse.

Até agora, já há ao menos um candidato oficial à indicação do partido: Kevin Hern, de Oklahoma, anunciou no X, ex-Twitter, que vai buscar a nomeação. Austin Scott também deve se lançar, segundo disse um porta-voz do congressista à CNN.

Jordan é o segundo indicado pelo partido a deixar a corrida. Originalmente, o partido havia escolhido Steve Scalise, mas ele desistiu de concorrer ao perceber que não conseguiria reunir o apoio necessário.

O novo fracasso desta sexta e a retirada de apoio a Jordan significam que a Casa continuará paralisada —nada pode ser votado por deputados enquanto um novo presidente não for eleito. Por ora, ela é comandada interinamente por Patrick McHenry, mas seus poderes se limitam a organizar um novo pleito. Uma tentativa de ampliar o escopo de atuação do deputado nesta quinta também não prosperou.

O cenário sem precedentes é agravado pela necessidade de aprovação pelo Legislativo de um pacote de financiamento emergencial enviado pela Casa Branca nesta sexta, no valor de US$ 106 bilhões (R$ 535,6 bilhões). Os recursos visam apoiar Israel e Ucrânia, fortalecer parceiros americanos no Indo-Pacífico para conter a China, e ampliar a segurança da fronteira sul do país, com o México.

Na quinta, o presidente Joe Biden fez um discurso do Salão Oval —reservado para temas de maior relevância—, no qual defendeu que o pedido bilionário é um "investimento" que vai render dividendos para a segurança nacional americana por gerações. Os destinatários da fala são sobretudo republicanos, que resistem ao repasse bilionário a Kiev.

Ao atrelar em um mesmo pacote esse apoio ao pedido a Israel, que goza de amplo apoio tanto entre democratas quanto entre republicanos, a Casa Branca busca justamente forçar a oposição a votar a favor do pacote.

"É o trabalho do Presidente deixar claro para o Congresso quais são as necessidades e o que acontecerá se esse financiamento crítico não for entregue. Nós estamos fazendo nosso trabalho ao informar o Congresso quais são as necessidades críticas, e nós esperamos que eles ajam, e ajam rapidamente", disse a jornalistas a diretora de Orçamento e Gestão do governo, Shalanda Young.

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