Descrição de chapéu Partido Republicano

Câmara dos EUA segue sem perspectiva de presidente após novo dia de impasse

Republicanos falham em chegar a consenso sobre sucessor de Kevin McCarthy, derrubado há 16 dias do cargo de forma inédita

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Washington

O caos em que os deputados republicanos mergulharam desde a derrubada inédita do presidente da Câmara, Kevin McCarthy, há 16 dias, não dá sinal de arrefecimento. O duplo fracasso do candidato nomeado pelo partido como candidato, o conservador Jim Jordan, de Ohio, em obter os 217 votos necessários para ser eleito criou um novo impasse.

Nesta quinta, uma ala mais moderada dos republicanos, com apoio do próprio Jordan, aventou a ideia de ampliar os poderes do presidente interino, Patrick McHenry, da Carolina do Norte, enquanto um consenso não é alcançado na bancada. A medida seria válida até 3 de janeiro.

O presidente interino da Câmara, o republicano Patrick McHenry, da Carolina do Norte, durante votação nesta quarta (18) - Elizabeth Frantz/Reuters

McHenry assumiu o posto porque era o primeiro indicado em uma lista de substitutos indicados por McCarthy quando foi eleito, em janeiro –uma prática criada após o 11 de Setembro para evitar a vacância do cargo, caso algo ocorresse com seu ocupante.

Seus poderes, no entanto, se limitam a organizar uma nova eleição para um sucessor. Temas prioritários na agenda do Congresso, como a votação de um novo pacote de ajuda a Israel e as leis orçamentárias para evitar uma paralisação do governo no próximo mês, não podem ser tratados enquanto isso.

Por isso, a aprovação de um projeto para ampliar os poderes do presidente interino poderia ser uma saída para evitar a inação da Câmara, sob pressão crescente para agir, e dar mais tempo para Jordan tentar virar os votos necessários para se eleger –na terça e na quarta, ele 22 colegas de bancada votaram contra ele.

No entanto, essa ideia foi rechaçada pelos republicanos em uma longa reunião a portas fechadas nesta quinta. Diante do cenário incerto em que a Câmara foi lançada após derrubar seu presidente pela primeira vez na história, o temor é que uma ampliação dos poderes de um interino, alçado ao cargo por indicação, e não eleição, possa abrir um precedente perigoso para o futuro.

Outro problema é que a proposta, para avançar, exigiria apoio também de deputados democratas –compromisso a que muitos republicanos se negam a firmar.

Há ainda resistência dentro do partido do presidente Joe Biden. Em entrevista à CNN nesta quinta, a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi disse que não se pode simplesmente ampliar o poder de McHenry. "Você precisa torná-lo presidente da Câmara, e depois disso ele terá o poder incrível da presidência", disse.

No fim da tarde desta quinta, ainda não estava claro se Jordan tentaria convocar para o mesmo dia uma nova votação no plenário, em uma terceira tentativa de se eleger, ou se esperaria mais tempo para conseguir avançar nas negociações. Ele se reuniu com parte dos cerca de 20 colegas de partido que votaram contra ele na quarta.

"Fizemos uma proposta aos membros [da bancada] sobre a resolução [para ampliar os poderes do interino] como uma forma de baixar a temperatura e voltar ao trabalho," disse Jordan aos repórteres. "Decidimos que não era o caminho que vamos seguir. Ainda estou concorrendo para Presidente da Câmara e planejo ir ao plenário para obter os votos e vencer esta corrida."

Apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, Jordan é alinhado à ala mais conservadora do partido, com posições duras em favor de cortes de gastos, e já fez críticas por exemplo ao pacote de ajuda à Ucrânia pedido para Casa Branca e atualmente parado no Congresso.

A candidatura do deputado aconteceu após uma reviravolta no partido. Inicialmente, os republicanos haviam escolhido Steve Scalise como candidato, mas ele abandonou a corrida ao perceber que não alcançaria os 217 votos necessários em plenário.

A confusão nesta quinta levou o texano Troy E. Nehls a voltar a defender a ideia de eleger Trump como presidente da Câmara –proposta apresentada por ele logo após a queda de McCarthy.

Tecnicamente não há um empecilho ao plano, embora a bancada precisasse alterar uma regra própria que impede pessoas respondendo a um processo criminal de exercer a função de presidente. Mas, politicamente, assessores convenceram o ex-presidente de que não seria interessante para sua campanha se envolver no caos.

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