Biden pede ao Congresso que libere US$ 106 bi para Israel, Ucrânia e fronteira com México

Solicitação aumenta pressão sobre Câmara para eleger novo presidente da Casa e encerrar paralisia

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Washington

O governo Joe Biden enviou ao Congresso nesta sexta-feira (20) um pedido de financiamento suplementar de emergência no valor de US$ 106 bilhões (R$ 535,6 bilhões) para fornecer apoio militar a Israel e à Ucrânia, além de reforçar a segurança na fronteira com o México.

O pacote foi anunciado ainda na quinta pelo presidente durante um discurso do Salão Oval da Casa Branca, no qual o democrata buscou convencer a população e o Legislativo de que o envolvimento do país nesses conflitos, por mais distantes que sejam, é um investimento na segurança nacional americana.

O presidente Joe Biden durante discurso nesta quinta em que anunciou o pedido de mais recursos a Israel e Ucrânia - Jonathan Ernst/Reuters

No pedido, a administração afirma ainda que os recursos serão usados no desenvolvimento do arsenal bélico dos EUA, como submarinos, e na capitalização do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial –nesse caso, o objetivo é aumentar a oferta de financiamentos para países em desenvolvimento, para que eles não recorram à China.

O pedido chega ao Congresso em meio a uma paralisia da Câmara, após a Casa ter derrubado de forma inédita seu presidente. Nesta sexta, ocorreu a terceira tentativa de votação, também fracassada, para eleger um sucessor. Com a eclosão do conflito no Oriente Médio, deputados estão sob pressão para retomar os trabalhos, agravada agora pelo pacote enviado por Biden.

"É o trabalho do presidente deixar claro para o Congresso quais são as necessidades e o que acontecerá se esse financiamento crítico não for entregue. Nós estamos fazendo nosso trabalho ao informar o Congresso quais são as necessidades críticas, e nós esperamos que eles ajam, e ajam rapidamente", disse a jornalistas a diretora de Orçamento e Gestão do governo, Shalanda Young.

Ao combinar Ucrânia e Israel no mesmo pacote, a estratégia do governo é dobrar a resistência de uma ala mais radical dos republicanos que se opõe a mais repasses a Kiev, argumentando que os altos custos para os americanos com esse apoio não se justificam.

Como ao mesmo tempo há um forte apoio a Tel Aviv vindo desse mesmo grupo, a ideia é forçá-los a ceder à Ucrânia em nome de mais repasses ao aliado no Oriente Médio.

Para Israel, são solicitados US$ 14,3 bilhões (R$ 72,2 bilhões), voltados para o fortalecimento da defesa de Tel Aviv, como os sistemas antimísseis Domo de Ferro e Funda de Davi, e o desenvolvimento da Viga de Ferro, uma ferramenta a laser de interceptação de ameaças.

Os recursos serão usados ainda para repor os estoques do Departamento de Defesa que estão sendo direcionados neste momento para Israel e para aumentar a segurança da embaixada americana.

Para a Ucrânia, o valor previsto é muito superior –US$ 61,4 bilhões (R$ 310,2 bilhões). O pedido abrange o envio de mais armas e equipamentos para Kiev e a reposição dos estoques americanos de materiais já exportados, apoio militar e de inteligência, aprimoramento da presença de tropas americanas na Europa, assistência econômica e securitária a civis, apoio a refugiados ucranianos e desenvolvimento da gestão e resposta a crises nucleares.

O pacote prevê US$ 9 bilhões (R$ 45,4 bilhões) em ajuda humanitária a civis na Ucrânia, em Israel, em Gaza, na Cisjordânia e "nas numerosas crises naturais e feitas pelo homem ao redor do mundo".

"Este pedido suplementar investe mais de US$ 50 bilhões [R$ 252,6 bilhões] na base industrial de defesa americana, garantindo que nosso Exército continue sendo a força de combate mais preparada, capaz e bem equipada que o mundo já viu", afirmou Young. "O financiamento expandirá as linhas de produção, fortalecerá a economia americana, nos manterá seguros e criará novos empregos americanos."

No campo doméstico, Biden pede a liberação de US$ 14 bilhões (R$ 70,7 bilhões) para reforçar a segurança na fronteira com o México. O objetivo é financiar a ampliação do número de agentes de patrulha na fronteira em 1.300 pessoas, comprar mais cem máquinas de inspeção para detecção de fentanil, contratar mil profissionais de policiamento e investigação para prevenir a entrada da droga no país, ampliar em 1.600 os oficiais no setor de pedidos de asilo e em 375 os juízes de imigração –o maior pedido de incremento desse quadro já feito na história, destaca a Casa Branca.

"Nós temos sido claros de que os republicanos no Congresso precisam parar de fazer joguinhos políticos com a segurança na fronteira e prover os recursos que nosso quadro de policiamento precisa para proteger a fronteira sudoeste e parar a entrada de fentanil no nosso país", diz a Casa Branca na carta que acompanha o pedido.

São solicitados ainda outros US$ 4 bilhões (R$ 20,2 bilhões) em iniciativas para combater a influência chinesa sobre a região do Indo-Pacífico e países em desenvolvimento. Os recursos serão usados para aprimorar a defesa de parceiros americanos na região e capitalizar o FMI e o Banco Mundial para concorrer com a China na oferta de financiamento a países em desenvolvimento.

Segundo a Casa Branca, essa capitalização vai resultar aumentar em US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão) o crédito disponível para contratação nessas instituições.

Em relação ao FMI, há uma preocupação adicional: se o repasse de recursos pelos EUA a uma linha específica do fundo, conhecida como NAB na sigla em inglês, não for ampliada, o país perderá o poder de veto sobre o uso do instrumento.

"A falha em estender a autorização do NAB resultaria nos Estados Unidos perdendo seu poder de veto sobre a ativação do NAB e diminuindo sua influência em relação aos países não democráticos que são acionistas do FMI", alerta a Casa Branca no pedido.

Por fim, outros US$ 3,4 bilhões (R$ 17,1 bilhões) são solicitados para o programa de desenvolvimento de submarinos.

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