Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel faz operação terrestre na Faixa de Gaza para preparar invasão em larga escala

Tanques e escavadeiras invadiram norte do território palestino na maior incursão desde o início do conflito, segundo o Exército

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São Paulo

Em preparação para a invasão terrestre de grande escala à Faixa de Gaza, o Exército de Israel realizou nesta quinta-feira (26) o que diz ser a maior incursão ao território palestino desde o começo da guerra contra o Hamas, em 7 de outubro. Blindados entraram e saíram da área que é o foco do conflito no Oriente Médio numa ação para destruir "múltiplos alvos" da facção terrorista, disse Tel Aviv em comunicado.

Tanques e escavadeira das forças de Israel entram no norte da Faixa de Gaza
Tanques e escavadeira das forças de Israel entram no norte da Faixa de Gaza - Reprodução/via Xinhua

Embora tenha sido descrita como pontual, a operação foi a maior do conflito atual, segundo a rádio do Exército local. Um vídeo da ação mostra tanques e escavadeiras rompendo barreiras e avançando no norte do território palestino. As imagens, em preto e branco, mostram ainda os blindados disparando, além de explosões e colunas de fumaça.

As autoridades não divulgaram quanto tempo os militares permaneceram em Gaza nem a distância percorrida por eles. Em nota, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) limitaram-se a dizer que a incursão foi realizada "em preparação para as próximas etapas do combate", numa possível referência à invasão em larga escala prometida por líderes israelenses para destruir o Hamas.

"Os soldados já saíram da área e retornaram ao território israelense", acrescenta o comunicado. Segundo os militares, abrigos de células terroristas, postos de lançamento de foguetes e outras infraestruturas usadas pelos integrantes do Hamas foram destruídos na ação noturna.

Ainda segundo as forças israelenses, ao menos quatro lideranças do Hamas foram mortas em ataques à Faixa de Gaza. Eles seriam o comandante do batalhão Darj Tafah, Rafat Abbas, seu vice, Ebrahim Jedeva, e o comandante de combate e assistência administrativa, Tarek Maruf. Em outra ofensiva, Shadi Barud, vice-chefe da Diretoria de Inteligência do Hamas. Assim como os três comandantes do batalhão, ele teria participado do ataque de 7 de outubro em Israel —neste caso, no planejamento.

A incursão ocorreu poucas horas após o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, reforçar que a invasão por terra da Faixa de Gaza acontecerá em breve. Em tom duro, o premiê disse que milhares de terroristas já foram mortos na guerra, e que as ofensivas israelenses até então eram "só o começo".

Segundo o vice-chefe do escritório político do Hamas, Saleh al-Arouri, porém, "as batalhas ainda não começaram". "Se o inimigo entrar por terra, será uma derrota sem precedentes [para Israel]", afirmou. Segundo ele, integrantes do Hamas estão em boas condições, apesar dos ataques israelenses.

A ação ampliada de Tel Aviv em Gaza é objeto de debates e especulações. Há indícios de que os responsáveis por um suposto atraso são os Estados Unidos. Publicação do jornal americano The Wall Street Journal afirmou na quarta (25) que a Casa Branca pediu ao governo israelense que adiasse a ofensiva para reforçar as defesas antimísseis das bases americanas no Oriente Médio.

Não foi a primeira vez que Israel conduziu ações pontuais em Gaza desde o início do conflito. O primeiro combate em solo palestino, divulgado pelos dois lados, ocorreu na noite do último domingo (22). Na ocasião, o Hamas afirmou que havia repelido infiltrações israelenses e destruído um tanque e duas escavadeiras rivais. Já Tel Aviv disse que a ação teve o objetivo de coletar informações sobre reféns.

A agência de notícias AFP identificou o local do vídeo divulgado nesta quinta como a região ao sul da cidade israelense de Ashkelon, mas não conseguiu determinar a data de gravação. A incursão, com blindados e infantaria, teve o apoio de ataques aéreos, que teriam destruído mais de 250 alvos.

Numa aparentemente tentativa de pressionar Israel após a ofensiva, o Hamas disse que ao menos 50 reféns capturados no último dia 7 já morreram em bombardeios israelenses contra Gaza. Ao todo, o grupo palestino que comanda o território desde 2007 afirmava ter 250 pessoas em seu poder, enquanto Tel Aviv contabiliza 224. Quatro mulheres haviam sido libertadas pelos terroristas até esta quinta.

Desde os atos terroristas em solo israelense, os militares do país se preparam para invadir o norte de Gaza. Como parte do treinamento, o Exército de Israel montou uma réplica de uma cidade palestina genérica para simular combates contra terroristas armados. A estrutura foi construída no deserto de Negev, no sul do país, e recebeu o nome de "Pequena Gaza", segundo o jornal The Wall Street Journal.

A estrutura replica ruas estreitas e labirintos formados por túneis — em 2021 o Hamas dizia ter 500 km de caminhos subterrâneos em Gaza. Na quarta (25), um grupo de soldados também simulou uma invasão a partir do deserto. Eles se moveram entre mesquitas e casas brancas, algumas delas pintadas com imagens do ex-líder palestino Yasser Arafat.

O território palestino, onde vivem cerca de 2,3 milhões de pessoas, está totalmente bloqueado pelas forças israelenses desde o ataque do Hamas. No último dia 13, Tel Aviv deu um ultimato para que todos os moradores no norte do território, onde está metade da população total, fossem para o sul, antes da invasão terrestre.

Os ataques terroristas mataram cerca de 1.400 pessoas, e a retaliação israelense passou das 7.000 vítimas nesta quinta, segundo os palestinos. As IDF dizem ter matado e ficado com os corpos de ao menos mil terroristas. O Hamas não se pronunciou sobre a ação.

Delegações da facção palestina e do Irã visitaram Moscou nesta quinta, segundo a diplomacia do país de Vladimir Putin. A Rússia historicamente apoia a causa palestina e mantém contatos regulares não só com o Hamas, mas também com grupos como o Jihad Islâmico, além de ser uma das principais aliadas de Teerã —esta, patrocinadora tanto do Hamas quanto do Hezbollah libanês.

Nesta guerra, contudo, Putin tem sido mais vocal contra a retaliação israelense pelo ataque do Hamas de 7 de outubro, e fez ameaças veladas à presença ostensiva de forças americanas na região para tentar dissuadir o Irã de escalar a crise.

A diplomacia israelense, por óbvio, reagiu enfaticamente ao encontro das delegações na Rússia. "Israel condena o convite de altos funcionários do Hamas a Moscou, o que é um ato de suporte ao terrorismo e legitima as atrocidades feitas por terroristas do Hamas. Apelamos ao governo russo que expulse imediatamente os terroristas do Hamas", afirma o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em publicação no X (ex-Twitter).

Com AFP e Reuters

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