Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Matamos milhares de terroristas, e este é só começo, diz premiê de Israel

Netanyahu volta a dizer que invasão de Gaza está próxima, mas se recusa a fornecer detalhes sobre operação

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São Paulo

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, reforçou nesta quarta-feira (25) que a invasão por terra da Faixa de Gaza acontecerá em breve. "Não vou detalhar quando ou como", disse, acrescentando que os pormenores da ofensiva serão decididos em comum acordo pelo gabinete de guerra. "Já matamos milhares de terroristas, e este é só o começo."

Esta não é a primeira vez que o premiê alerta para a iminência de uma incursão do Exército israelense à Gaza desde o início da guerra entre o seu país e o Hamas, em 7 de outubro. Sua declaração se dá, no entanto, em um momento em que surgem indícios de que ela pode não acontecer tão rapidamente —e que a decisão não depende só da agenda de Tel Aviv.

Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em encontro com a imprensa em Jerusalém - Christophe Ena - 24.out.23/AFP

Há indícios também de que os responsáveis pela demora são os Estados Unidos. Também nesta quarta, o jornal americano The Wall Street Journal afirmou que a Casa Branca pediu diretamente ao governo israelense que adiasse a ofensiva para reforçar as defesas antimísseis de suas bases no Oriente Médio.

Cerca de 12 sistemas já estariam prontos para envio para países como Arábia Saudita, Iraque, Jordânia, Kuwait, Síria e Emirados Árabes Unidos. Desde o início da guerra, instalações dos EUA vêm sendo alvejadas por foguetes e drones de grupos aliados ao Irã —o patrocinador regional do Hamas e do Hizbullah libanês— no Iraque e na Síria, e militares americanos dizem acreditar que suas forças se tornarão alvo de facções quando a invasão tiver início.

Os EUA já enviaram caças, aviões de ataque e dois grupos de porta-aviões para a região, um deles já em operação, para dissuadir essas ações e o envolvimento mais incisivo do Irã e do Hizbullah na guerra. Enquanto isso, o grupo libanês segue a rotina de troca de fogo com israelenses na fronteira norte do Estado judeu.

Antes do Wall Street Journal, a agência de notícias Reuters reportou que Washington teria dito a Tel Aviv para adiar a ofensiva de modo a ganhar tempo para negociar a libertação de mais pessoas sequestradas pelo Hamas. O Estado judeu calcula que os terroristas tenham feito 220 reféns no ataque de 7 de outubro, 12 dos quais têm passaporte americano.

O presidente Joe Biden confirmou nesta quarta que vem conversando com Netanyahu sobre o tema dos reféns. Ele negou, porém, que tenha pressionado o primeiro-ministro a atrasar a incursão por qualquer motivo. "Foi decisão dele, eu não exigi", disse. "O que indiquei é que, se for possível tirar essas pessoas de forma segura, é isso que se deve fazer".

Na ocasião, o democrata também afirmou ter dúvidas sobre a precisão dos números de óbitos divulgados pelo Ministério da Saúde em Gaza, área controlada desde 2007 pelo Hamas. "Não tenho noção se os palestinos estão dizendo a verdade sobre quantas pessoas foram mortas", disse Biden. "Tenho certeza de que inocentes foram mortos. E esse é o preço de travar uma guerra."

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 6.500 palestinos morreram no território desde o início do conflito.

Israel bombardeia incessantemente Gaza desde que o Hamas conseguiu se infiltrar no sul do território, em um ataque que resultou na morte de cerca de 1.400 pessoas segundo o Estado judeu. A operação terrorista, que inclui ataques por mar, ar e terra, surpreendeu inclusive analistas militares —Tel Aviv tem um dos aparatos de segurança mais sofisticados do planeta, e o território vizinho é vigiado ininterruptamente por meio de satélites, grampeamento de linhas telefônicas e informantes.

A atmosfera de insegurança tem contaminado o país. Dias depois dos ataques do Hamas, o ministro da Segurança Nacional, o extremista de direita Itamar Ben-Gvir, anunciou que o governo comprou 10 mil fuzis para distribuir entre as brigadas voluntárias formadas por civis. A medida buscava responder à queixa de alguns desses grupos de que eles tiveram que lutar contra terroristas sem armas no 7 de outubro.

No discurso desta quarta, Netanyahu encorajou os israelenses a andarem armados. E chegou perto de admitir que sua gestão tem alguma responsabilidade na falha de segurança que permitiu a incursão de terrorista. "A catástrofe será investigada a fundo. Todos vão precisar dar respostas, inclusive eu. Mas tudo isso só acontecerá depois da guerra", disse.

Com AFP e Reuters

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto afirmava incorretamente, com base na agência de notícias Reuters, que Joe Biden disse duvidar do número de mortos divulgado pelo Hamas na explosão do hospital al-Ahli Arab. O presidente dos EUA, na verdade, referia-se ao número total de mortos no conflito.

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