Mortos e desaparecidos por furacão no México chegam a 100, e desabastecimento continua

Cidade turística de Acapulco sofre com falta de alimentos e de água potável; três estrangeiros morreram

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Acapulco (México) | Reuters

Autoridades do México atualizaram nesta terça-feira (31) para cem o número de pessoas mortas ou desaparecidas devido ao furacão Otis, uma tempestade de categoria 5 que atingiu a cidade turística de Acapulco, no estado de Guerrero, na semana passada.

Com ventos de até 266 km/h, o Otis provocou inundações, arrancou telhados e danificou a fachada de hotéis e de outros edifícios da costa mexicana na última quarta (25). Veículos ficaram submersos, e serviços rodoviários e aéreos foram interrompidos. Quase uma semana após a passagem do furacão, problemas relacionados ao abastecimento de estoques continuam.

Hotel em Acapulco, no México, danificado após passagem do furacão Otis
Hotel em Acapulco, no México, danificado após passagem do furacão Otis - Rodrigo Oropeza - 28.out.23/AFP

Autoridades relatam aumento de saques à medida que a população da cidade de quase 900 mil habitantes fica mais desesperada por água e comida. Em nota divulgada na segunda (30), a Antad (Associação Nacional de Supermercados e Lojas de Departamentos, na sigla em espanhol) pediu ao governo mais esforços para coibir roubos nos comércios, já impactados pelo sumiço de clientes nos últimos dias.

Uma fila de cerca de 150 pessoas à espera de água fornecida por autoridades locais serpenteava pelas ruas lamacentas do bairro de La Frontera na tarde de domingo (29), enquanto moradores segurando recipientes vazios lamentavam a espera de horas. "A água não será suficiente", disse Emilia Rojas, que estava no local, à agência de notícias Reuters.

Numa rua próxima, Perla Rubi disse que a espera foi angustiante e que as pessoas estavam desesperadas. "Estamos aqui desde a madrugada, desde 5h, correndo o risco de sermos assaltados porque agora estão agredindo as pessoas na rua", disse ela. "Onde está a ajuda do governo?"

O governo de Guerrero, estado onde fica Acapulco, disse em comunicado que 46 pessoas tinham morrido devido ao furacão e outras 54 estavam desaparecidas até a manhã desta terça. Cerca de 17 mil integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para as operações de busca e também para ajudar a estabelecer a ordem e a distribuir toneladas de mantimentos em Acapulco.

Além das perdas humanas, a tragédia provocou prejuízos econômicos. O custo dos danos causados pelo furacão pode chegar a US$ 15 bilhões (R$ 75,8 bilhões), segundo estimativas. Caixas eletrônicos foram destruídos, e o governo disse que dois novos pontos de atendimento serão instalados na cidade para permitir que as pessoas retirem dinheiro.

O fenômeno atingiu Acapulco apenas sete meses antes da eleição presidencial do México. O atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, voltou a dizer que a oposição estava criticando a resposta do governo ao furacão por razões eleitorais. O líder disse que mantém contato com as autoridades locais e prometeu a entrega de itens básicos à população de Acapulco.

Pessoas caminham ao lado de escombros e árvores danificadas após a passagem do furacão Otis, em Acapulco, no México
Pessoas caminham ao lado de escombros e árvores danificadas após a passagem do furacão Otis, em Acapulco, no México - Quetzalli Nicte-Ha-29.out.23/Reuters

Entre os mortos estão um cidadão americano, um britânico e um canadense, segundo o governo de Guerrero. Os três moravam em Acapulco.

Rumualda Hernandez, 62, que mora no bairro Renacimiento, a poucos quilômetros da costa, pediu ao governo que enviasse ajuda depois de caminhar dez quarteirões de sua casa destruída para pegar água de uma cisterna.

"Eu estava tremendo de medo", disse ela ao lembrar que as enchentes subiram acima da altura de sua cabeça. "Achei que ia morrer."

Pescadores e trabalhadores em iates turísticos se reuniram em Playa Honda, em Acapulco, na tarde de domingo para procurar colegas e amigos desaparecidos. Eles manifestaram a preocupação de que as autoridades não estivessem fazendo o suficiente para as buscas.

O pescador Luis Alberto Medina disse que procurava seis pessoas que trabalhavam no porto. "Foi realmente horrível", disse ele. "Já encontramos os corpos de outras pessoas."

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