O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) felicitou por WhatsApp Sergio Massa, candidato peronista mais votado no primeiro turno das eleições da Argentina, pelo resultado das eleições, noticiou o Clarín nesta segunda-feira (23).
Segundo o jornal, o petista, que até a tarde da data ainda não havia se manifestado sobre o pleito em seus canais oficiais, teria enviado uma mensagem ao ministro da Economia argentino em que dizia: "imenso[,] meu amigo" de madrugada, pouco depois da divulgação dos resultados da votação. O Palácio do Planalto nega a informação.
Integrantes do Palácio do Planalto avaliaram o resultado do primeiro turno na Argentina —em que Massa superou o ultraliberal Javier Milei— como uma boa surpresa. Nas redes sociais, alguns ministros de Lula comemoraram a largada de Massa.
Nos bastidores, porém, integrantes do governo adotam cautela ao tratar de Milei, temerosos de uma virada do candidato. Eles dizem acreditar que o peronismo demonstrou ainda ter fôlego, com Massa com 36,4% dos votos válidos, contra 30,1% de Milei. Citam ainda o fato que o ultraliberal cresceu pouco das prévias até o primeiro turno, enquanto Massa dobrou o número de votos nominais.
A avaliação é de que os votos da macrista Patricia Bullrich e de Juan Schiaretti, com 23,8% e 7%, respectivamente, serão essenciais neste segundo turno.
Questionados sobre a possibilidade de que Bullrich declare apoio a Milei, governistas minimizam sua capacidade de transferência de voto. A leitura é de que a ex-ministra de Segurança saiu enfraquecida e desidratada nas urnas apesar de ter ficado em terceiro lugar.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) parabenizou Massa pela liderança no primeiro turno nas redes sociais. "Na torcida para que aqueles que desprezam a vida e a democracia sejam derrotados, presidente Alberto Fernández", disse no X, o antigo Twitter.
Paulo Pimenta (Secom) publicou uma foto com Fernández e Massa e disse: "Viva o povo argentino". A titular de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, chamou o resultado de "boas notícias". "Daqui, vibramos com a decisão deste país irmão de seguir lutando por democracia e desenvolvimento soberano com justiça social e buscando equidade e a superação das desigualdades sociais", afirmou.
Fernando Haddad (Fazenda), por sua vez, evitou emitir opinião sobre o resultado, ressaltando que é preciso esperar o segundo turno, mas disse estar acompanhando o pleito "com interesse" devido ao Mercosul.
Sem fazer referência direta à declaração de Milei sobre retirar a Argentina do bloco comercial caso seja eleito presidente, o chefe da equipe econômica brasileira ainda defendeu a integração regional, dizendo-se um "integracionista". "Gosto de pensar em uma América do Sul mais integrada, negociando com a União Europeia de forma mais forte", completou.
Entre integrantes do governo e palacianos, há uma avaliação de que uma eventual vitória do ultraliberal seria sobretudo negativa para a política externa de Lula, que busca alinhamento maior entre os países da região.
Já do ponto de vista econômico, a leitura é de que discurso de Milei tem muito de retórica eleitoral. Afinal, a Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Apesar de dizer que não faria negócios com o país, Milei não conseguiria romper os laços comerciais entre as nações.
As fontes citam como exemplo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Crítico a Alberto Fernández, ele disse que os argentinos tinham escolhido mal seu presidente e teve uma postura dura contra o país vizinho. Ainda assim, Brasil e Argentina continuaram sendo relevantes um para o outro, do ponto de vista político, ainda mais no setor de automotivos e montadoras. Portanto, a leitura é de que Milei ameaçaria uma melhora na relação, mas não conseguiria representar, necessariamente, um regresso.
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