Israel, Hamas e EUA chegam a acordo para libertação de reféns por pausa na guerra, diz jornal

Segundo The Washington Post, facção libertaria capturados em troca de trégua; Casa Branca e Tel Aviv negam negociação

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São Paulo

Israel, o Hamas e os Estados Unidos chegaram a um acordo para que o grupo terrorista liberte dezenas de mulheres e crianças reféns na Faixa de Gaza em troca de uma pausa de cinco dias no conflito, reportou o jornal americano The Washington Post neste domingo (19).

Bandeira israelense em prédio destruído em Gaza
Bandeira israelense em prédio destruído em Gaza - Alexander Ermochenko/Reuters

Citando pessoas com conhecimento do assunto, sem nomeá-las, o jornal diz que, sob os termos do acordo, todos os lados envolvidos pausariam ataques pelos cinco dias para que 50 reféns ou mais sejam libertados em pequenos grupos a cada 24 horas. O trato poderia começar nos próximos dias, segundo o jornal.

A pausa acordada também seria feita para possibilitar um aumento significativo de entrada de ajuda humanitária em Gaza, incluindo combustível, pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.

De acordo com a publicação, o acordo foi costurado durante semanas de conversas em Doha, no Qatar —país que faz a mediação entre o grupo terrorista e e Israel ao lado dos Estados Unidos. O premiê do país do Golfo, Mohammed bin Abdulrahman, não confirmou que o trato tenha sido firmado, mas deu indicações de que uma solução se aproxima ao dizer a agências de notícias que os únicos obstáculos a eles seriam "pequenos desafios práticos e logísticos".

A Casa Branca negou que haja um documento pronto. "Ainda não há acordo, mas continuamos trabalhando duro para conseguir um", disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, em comunicado.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, também refutou a existência de um tratado em encontro com jornalistas. "Em relação aos reféns, há muitos rumores não comprovados, muitos relatos incorretos. Gostaria de deixar claro: até o momento, não houve acordo. Mas quero prometer: quando houver algo a dizer, informaremos."

À rede americana ABC, o embaixador de Tel Aviv em Washington, Michael Herzog, disse, contudo, que seu país tem esperança de que um número significativo de reféns seja solto pelo Hamas nos próximos dias.

A despeito das negociações em curso, o Estado judeu continua a subir o tom de suas acusações contra o Hamas. No domingo, as IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) afirmaram ter novas evidências de que o Al-Shifa —principal hospital da Cidade de Gaza que foi alvo de uma grande ofensiva israelense esta semana— serve também de centro de operações para o grupo terrorista, o que ele nega. As trocas de acusações não puderam ser verificadas de forma independente.

Um desses indícios apresentados por Tel Aviv seria de que uma soldado israelense sequestrada pela facção, Noa Marciano, 19, foi morta pelo Hamas dentro do hospital, e não em decorrência de um bombardeio israelense como o grupo palestino havia insinuado em um vídeo.

As IDF, que encontraram seu corpo perto de Shifa na semana passada, disseram, porém, que uma perícia mostrou que as feridas em decorrência do ataque aéreo não eram letais.

Outro teria sido a descoberta de um túnel de 55 m de comprimento e 10 m de altura localizado embaixo do Shifa. As IDF divulgaram apenas um vídeo em que se vê a suposta entrada para o canal, no entanto, um corredor estreito com o teto em forma de arco que terminaria, segundo as forças israelenses, em uma porta à prova de fogo.

Ainda de acordo com os militares, a passagem subterrânea foi descoberta a partir de uma outra entrada, no chão de um galpão onde os combatentes armazenavam munições dentro do complexo de Shifa.

O diretor do Ministério da Saúde de Gaza, Mounir el-Barsh, afirmou que as afirmações das IDF sobre o túnel eram "mentira pura". "Eles estão no hospital há oito dias e até agora não encontraram nada", afirmou em entrevista à rede qatari Al Jazeera.

Enquanto isso, os enfrentamentos entre Israel e o Hamas continua na Cisjordânia, onde no início deste domingo dois palestinos foram mortos pelo Exército de Israel. No total, cerca de 13 mil palestinos vieram a óbito em Gaza desde o início da guerra, segundo dados das autoridades locais. O governo israelense, por sua vez, contabiliza cerca de 1.200 mortos.

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