Biden diz que Autoridade Palestina deveria governar Gaza e Cisjordânia após guerra

Em artigo, presidente dos EUA afirma que território sob ataque israelense não pode mais ser alvo de cercos e bloqueios

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Boa Vista

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirma em artigo publicado no jornal americano The Washington Post neste sábado (18) que a Autoridade Palestina (ANP) deveria ser, ao fim do conflito entre Israel e Hamas, a responsável pela governança unificada da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

O democrata diz que uma ANP "revitalizada" é o caminho para paz e para o objetivo final de construção da solução de dois Estados, palestino e israelense, na região.

Em entrevista coletiva em seguida, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que a ANP, como está hoje organizada, "não é adequada" para tal. "Acredito que, no final, chegaremos [Israel e EUA] a um acordo sobre isso também: que é impossível colocar em Gaza um governo civil que apoia, incentiva, financia e educa para o terrorismo", disse o premiê.

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarca no estado de Delaware
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarca no estado de Delaware - Julia Nikhinson - 17.nov.23/Reuters

Biden também afirma no texto, em recado a Tel Aviv, que "não pode haver [após o fim do conflito] deslocamento forçado de palestinos de Gaza, reocupação, cerco, bloqueio ou redução de território".

Depois do ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos no dia 7 de outubro, Israel declarou guerra ao grupo terrorista, lançou ataques aéreos e deu início a campanha militar terrestre na Faixa de Gaza com o objetivo de "eliminar" a facção extremista.

Tel Aviv apertou o cerco contra o território, cujas fronteiras terrestres e marítimas controla direta ou indiretamente, e bloqueou a entrada de comida, água, combustível e materiais essenciais antes de lançar sua ofensiva terrestre. Desde então, 12 mil palestinos morreram em Gaza, de acordo com autoridades locais.

Após 1 mês e 11 dias de declaração de guerra, com o Exército de Israel anunciando que o Hamas já não controla a Faixa de Gaza, aliados de Tel Aviv, como Washington, e a comunidade internacional de maneira geral, têm se voltado para soluções para o cenário pós-guerra no território palestino, antes dominado pela facção extremista desde 2007.

Netanyahu já afirmou em mais de uma ocasião que Israel pretende ocupar o território após o eventual fim do Hamas e ser responsável pela segurança da área. Não está claro como isso se daria, e fala recente de Netanyahu nesse sentido gerou repercussão negativa inclusive dentro de seu governo. Ele até chegou a voltar atrás na declaração, mas depois a reiterou.

Os Estados Unidos, no entanto, não concordam com uma reocupação de Israel no território. Em meados de outubro, Biden avaliou que uma eventual ocupação de Gaza por Israel seria uma "grande erro" —momento em que também defendeu a criação de um Estado palestino, como preconizam os Acordos de Paz de Oslo, assinados em 1993, em Washington.

A Autoridade Palestina foi criada no contexto dos acordos de 1993. Hoje, após 30 anos, a estrutura de governança está sob grave crise de legitimidade entre palestinos e na Cisjordânia, único território que governa —mas onde, na prática, tem pouca força e vê crescer o apoio a outros grupos, inclusive o Hamas.

O presidente americano também afirmou em seu texto que tem sido enfático com Israel sobre a necessidade de que a violência extremista na Cisjordânia tenha fim e agressores sejam responsabilizados. "Os Estados Unidos estão preparados para tomar nossos próprios passos, incluindo a emissão de proibição de vistos a extremistas que atacam civis na Cisjordânia", escreveu o democrata.

A violência na Cisjordânia tem crescido desde o início do conflito em Gaza, com mais de 250 ataques de colonos israelenses no território ocupado. A média diária de agressões desde o dia 7 de outubro chegou a 6 ataques, contra média de 3 em todo o primeiro semestre deste ano.

Com Reuters

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