Lula chega à Arábia Saudita e se reúne com príncipe que deu joias a Bolsonaro

Presidente apresentou projetos de investimento na 1ª parada no Oriente Médio; Janja não o acompanhou em Riad

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou nesta terça-feira (28) à capital da Arábia Saudita, Riad, visita que dá início a uma série de viagens a nações do Oriente Médio para selar parcerias de investimentos.

"Vamos apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e de parceria entre nossos países nos setores de energia, agricultura e também na indústria", afirmou o petista nas redes sociais. Desde o final do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), a monarquia autoritária vem sinalizando interesse em ampliar sua cartela de investimentos no Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, durante cerimônia oficial na chegada a Riad
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, durante cerimônia oficial na chegada a Riad - Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, que normalmente acompanha o presidente em compromissos oficiais, foi direto para Dubai. Segundo nota de sua assessoria, ela tem uma agenda própria com a mãe do xeque dos Emirados Árabes Unidos.

A reunião entre o presidente e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman ocorreu no início da tarde, no horário de Brasília. Embora exerça na prática as funções de governante e tenha o cargo de premiê, MbS, como o príncipe é conhecido, não é o chefe de Estado, cargo ocupado por seu pai, o rei Salman bin Abdulaziz al-Saud, 86.

"Conversamos sobre investimentos sauditas no Brasil em diversos setores e sobre o potencial de exportações brasileira", escreveu Lula no X após o encontro, também registrado pela agência estatal de notícias saudita.

Segundo o relato oficial, estiveram presentes ao lado do petista o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Economia), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), entre outros.

De acordo com Rui Costa, parte da comitiva chegou dois dias antes de Lula para reuniões interministeriais e com o órgão saudita responsável pela gestão de alguns fundos de investimentos do reino. "Os sauditas anunciaram o desejo de investir US$ 10 bilhões no Brasil. Recentemente formalizamos um documento abrindo um leque de opções para aplicação disso e agora vamos formalizar um grupo de trabalho para materializar esses investimentos, que vão da área de energia à segurança alimentar, produção de alimentos e infraestrutura", disse o ministro da Casa Civil.

MbS foi o líder que deu joias a Bolsonaro —o ex-presidente está sob investigação por ter mantido os presentes em seu acervo pessoal em vez de encaminhá-los ao arquivo público.

O príncipe saudita também é acusado de ter ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colaborador do jornal The Washington Post. Khashoggi foi morto e desmembrado em 2018 dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia. O premiê nega envolvimento no caso.

No governo de Bolsonaro, Riad sinalizou interesse de investir o montante de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões na cotação atual) no Brasil —hoje a balança de exportações e importações entre os dois países, segundo dados atualizados do Comex, soma cerca de US$ 5,6 bilhões anuais (R$ 27 bilhões). Faltava, porém, bater o martelo nas áreas de investimento.

Ao longo deste segundo semestre, de acordo com o Itamaraty, missões empresariais sauditas viajaram ao Brasil para ampliar as prospecções. Em setembro, durante a cúpula do G20 em Nova Déli, Lula reuniu-se com MbS, que demonstrou interesse em campos como petróleo, gás e fontes renováveis.

Por parte de Brasília, um dos objetivos principais da viagem é apresentar a cartela de possibilidades oferecida pelo Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento retomado na gestão Lula 3.

O petista permanece na capital saudita até quarta (29) e depois vai ao vizinho Qatar, onde fica até quinta-feira (30). O petista já havia recebido convites do emir Tamim bin Hamad al-Thani para estar em Doha, um deles após a visita que fez à China em abril.

De Doha, finalizadas suas reuniões bilaterais, Lula vai a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, participar da 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP28. Também lá o objetivo é atrair investimentos para o Brasil. Mas a viagem deve ser, ao menos em parte, dominada por debates sobre a guerra Israel-Hamas, uma vez que o emirado vem ganhando destaque no mundo árabe e no Ocidente pelo protagonismo que assumiu como mediador no conflito.

Foi ele, por exemplo, que articulou o acordo que permitiu na última semana um cessar-fogo nas hostilidades durante o qual reféns israelenses foram libertados pelo Hamas ao mesmo tempo em que prisioneiros palestinos foram soltos por Tel Aviv.

Por fim, no domingo, 3 de dezembro, o presidente Lula parte para Berlim, onde tem uma série de encontros com membros do governo do premiê Olaf Scholz. No país europeu, a ideia é acelerar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que a diplomacia brasileira ainda afirma ser possível selar neste ano.

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