Hamas liberta mais 12 pessoas em 5º grupo de reféns

Grupo libertado no quinto dia de cessar-fogo inclui ao menos 10 mulheres israelenses; Tel Aviv solta 30 prisioneiros palestinos

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São Paulo

Membros do Hamas e do Jihad Islâmico libertaram nesta terça-feira (28) um quinto grupo de reféns que mantinham havia 53 dias na Faixa de Gaza, território palestino adjacente a Israel.

Os civis foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha em ação organizada no sul de Gaza durante a noite —tarde em Brasília. Na sequência, cruzaram a passagem de Rafah, em direção ao Egito, e foram entregues a militares israelenses no kibutz de Kerem Shalom.

Ao menos dez cidadãs israelenses, sendo uma menor de idade, foram libertadas, além de outros dois cidadãos da Tailândia. A libertação ocorre um dia após a facção terrorista e Israel concordarem em estender por 48 horas o cessar-fogo selado na última semana.

Homens do Hamas e do Jihad Islâmica ao lado de mulher feita refém que é entregue à Cruz Vermelha no quinto dia de cessar-fogo no conflito do Oriente Médio, no sul da Faixa de Gaza - Said Khatib/AFP

Trata-se da primeira vez que homens do Jihad Islâmico ganham protagonismo ao lado de figuras encapuzadas do Hamas durante os atos de liberação dos reféns. Era sabido que alguns dos sequestrados estavam sob domínio da facção, e nesta terça-feira, por meio do aplicativo Telegram, o braço armado do Jihad Islâmico, as Brigadas al-Quds, disseram ter libertado "alguns dos civis detidos", sem detalhar.

Além disso, em contrapartida, neste quinto dia de trégua foram libertados por Tel Aviv 30 palestinos que estavam presos. Segundo o Qatar, principal mediador do conflito, são 15 menores de idade e 15 mulheres. Eles foram libertados da prisão de Ofer, perto de Ramallah, na Cisjordânia, e de um centro de detenção em Jerusalém.

Em vigor desde a madrugada da última sexta-feira (24), o acordo de cessar-fogo vigente até pelo menos esta quarta (29) permitiu até o momento a libertação de cerca de 60 reféns israelenses, muitos com dupla cidadania, que estavam na Faixa de Gaza e de 150 palestinos que estavam em prisões israelenses.

Israel afirma que há ainda ao menos 163 pessoas sequestradas. Entre elas está o bebê Kfir Bibas, de 10 meses, o refém mais jovem que foi levado do sul de Israel junto com a mãe, o pai e o irmão de 4 anos. O caso comove o país em especial porque acredita-se que a família esteja sob domínio de outra facção terrorista que não o Hamas, e parece não haver qualquer previsão para a soltura deles.

Diante da proximidade do fim da extensão deste acordo, cresce a expectativa sobre uma possível nova prorrogação ou mesmo outro tipo de trégua na guerra em curso no Oriente Médio.

Mas também há forte ceticismo. Nesta terça-feira ambos os lados se acusaram mutuamente de violar o cessar-fogo.

No X, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que ao menos três explosivos foram detonados perto de suas tropas no norte de Gaza e que terroristas teriam aberto fogo contra os soldados. Vários, dizem os militares, ficaram feridos.

Confirmando a acusação, um porta-voz do Hamas disse no Telegram que o grupo apenas "lidou com uma violação anterior de Israel ao acordo". "Estamos comprometidos com a trégua desde que o inimigo também se comprometa com ela", disse ele. "E apelamos aos mediadores para que pressionem Israel a aderir a todos os termos da trégua, tanto em ações terrestres quanto aéreas."

Mediadores também trabalham para prolongar a trégua. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará no próximo fim de semana para Israel e Cisjordânia para fazer reuniões com o premiê Binyamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Apesar da pressão da sociedade civil para conseguir o retorno de mais reféns, o governo de Israel reiterou nos últimos dias que pretende retomar os combates para "eliminar" o Hamas.

Outro ponto de desagravo é a violência crescente na Cisjordânia. Autoridades palestinas disseram que nesta terça-feira ao menos dois menores de idade morreram em confrontos com forças de Israel que atuam no território ocupado. Amr Ahmed Jamil Wahdan, 14, teria morrido após disparos em Tubas, no norte da região, enquanto Malek Majid Abdel Fattah Daghra, 17, teria morrido também por disparos de arma de fogo em Kafr Ain, a noroeste de Ramallah.

Israel iniciou a ofensiva contra Gaza após o ataque do grupo palestino no começo de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por terroristas, segundo as autoridades israelenses. Em Gaza, a operação israelense deixou ao menos 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

Uma extensão da trégua poderia permitir ainda a entrada de mais caminhões com ajuda para Gaza, cercada e devastada após sete semanas de ofensiva israelense.

Com AFP e Reuters

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