Milei visita túmulo de rabino em viagem 'espiritual' a Nova York

Presidente eleito da Argentina ainda pretende ir a Israel antes de posse, em 10 de dezembro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Boa Vista

Usando um quipá, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, visitou nesta segunda-feira (27) o túmulo do rabino Menachem Mendel Schneerson em um cemitério do bairro do Queens, em Nova York, para agradecer pela vitória nas recentes eleições argentinas.

Um vídeo do portal judaico COLlive mostra o ultraliberal sendo aplaudido ao chegar ao mausoléu onde estão enterrados os restos mortais do rabino de origem ucraniana. No registro, ele aparece acompanhado pelos rabinos Mendy Kotlarsky e Simon Jacobson.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, visita túmulo do rabino Menachem M. Schneerson durante viagem a Nova York
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, visita túmulo do rabino Menachem M. Schneerson durante viagem a Nova York - Brendan McDermid - 27.nov.23/Reuters

Milei tinha afirmado que visitaria o local logo após sua vitória no segundo turno presidencial argentino, uma semana atrás. Seu objetivo, ele disse, era homenagear Schneerson, influente rabino ortodoxo e sétimo líder da dinastia hassídica Lubavitch, morto em Nova York em 1994. O ultraliberal ainda acrescentou na época que ainda pretendia fazer uma segunda viagem antes de tomar posse em 10 de dezembro, esta para Israel.

"As viagens aos Estados Unidos e a Israel tem uma conotação mais espiritual que qualquer outra coisa", disse Milei um dia depois de eleito. Recentemente, ele afirmou em entrevista que, uma vez no poder, pretendia mudar a embaixada da Argentina em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, como fez o ex-presidente americano, Donald Trump —o plano foi inclusive mencionado pelo chanceler israelense, Eli Cohen, ao parabenizar o ultraliberal pela vitória.

Na época, Trump foi profundamente criticado, acusado de agir com o intuito de aumentar a tensão entre israelenses e palestinos. A cidade histórica é, afinal, um dos maiores pontos de disputa no conflito entre as partes, e ambas a reivindicam como sua capital.

O republicano ainda se colocou como aliado próximo de Israel e atuou pela normalização das relações do país com Estados árabes, representada pela assinatura dos Acordos de Abraão em 2020.

No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro também buscou forte aproximação com Tel Aviv e a comunidade judaica brasileira mesmo antes da campanha que o levou à Presidência, em 2018. Tanto no caso dele quanto no de Trump, a estratégia visava também a reforçar laços com base de apoio evangélica.

Ao que tudo indica, Milei decidiu seguir a cartilha da nova direita global no que se refere à política com Israel. O argentino deu uma série de declarações em que colocava Israel, Estados Unidos e o Ocidente de modo geral como os parceiros ideais com quem buscaria estreitar laços em eventual governo mesmo antes de oficializar sua candidatura à Presidência argentina.

"Estou pensando em me converter ao judaísmo e almejo chegar a ser o primeiro presidente judeu da história da argentina", disse Milei, que é católico, após ser o mais votado nas primárias argentinas, em agosto. A frase, destacada pela imprensa local, foi uma das várias reforçam a "admiração profunda" que ele nutre pelo país no Oriente Médio, palavras dele.

A Argentina tem a maior comunidade de origem judaica da América Latina e uma das maiores do mundo fora de Israel, com 250 mil pessoas.

Segundo veículos argentinos, Milei já havia visitado o túmulo do rabino ucraniano durante a sua campanha presidencial. Ele viajou em avião privado para os Estados Unidos e se reúne nesta semana em Washington com responsáveis do governo de Joe Biden, da Secretaria do Tesouro e de organizações internacionais de crédito para explicar o plano econômico que pretende colocar em prática com o objetivo de tentar tirar a Argentina da crise. A estratégia inclui ajuste fiscal, desregulamentação e reforma monetária e do Estado.

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.