Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Crianças palestinas brincam em praia de Gaza em meio a cessar-fogo da guerra

Trégua dá respiro a população local, que ainda teme por novos bombardeios após fim do acordo

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Bassam Masoud Fadi Shana
Gaza | Reuters

O cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que começou na última sexta-feira (24) e foi ampliado por mais dois dias nesta segunda (27), permitiu que crianças da Faixa de Gaza tivessem um vislumbre de normalidade e fossem a uma praia do território palestino para brincar.

Enquanto se divertiam na água rasa, pulando ondas, adultos descalços as observavam a partir da areia. Em meio às risadas, porém, seus pais não conseguiam esquecer das dificuldades da guerra.

Palestinos vão a uma praia de Gaza em meio a cessar-fogo da guerra - Fadi Shana - 25.nov.2023/Reuters

"Viemos à praia para respirar, para escapar da sensação das escolas lotadas e do ambiente deprimente e poluído em que estamos", disse à agência de notícias Reuters Asmaa al-Sultan, sentada na areia e com o braço em volta de sua mãe, que chorava silenciosamente.

"As pessoas vêm à praia para relaxar, nadar, para que seus filhos se divirtam, levam comida. Mas estamos deprimidos. Estamos na praia, mas queremos chorar", completou ela.

Asmaa saiu do norte de Gaza após o ultimato israelense para que os moradores da região fugissem em direção ao sul da faixa. Desde o início do conflito, milhares de palestinos fizeram o mesmo em busca de refúgio, ocupando tendas, escolas ou casas de amigos e parentes, enquanto a parte norte, a mais populosa, era alvo de uma intensa campanha aérea de Israel que deixou bairros inteiros em ruínas.

Mais de 30 membros da família de Asmaa estão abrigados em uma escola da ONU na cidade de Deir Al-Balah, juntamente com centenas de outros deslocados. As condições difíceis em locais como esse, que são palco de superlotação, falta de banheiros e longas filas diárias por pequenas porções de comida e água, foram agravadas pelo impacto psicológico dos bombardeios.

Com os abrigos sobrecarregados, algumas pessoas recorrem a lugares como a praia de Deir Al-Balah, onde uma fileira de frágeis cabanas de pescadores se estende em direção a uma encosta repleta de lixo.

Enquanto as crianças brincavam, Waleed al-Sultan, um dos parentes mais jovens de Asmaa, tentava desembaraçar uma rede perto das cabanas para ir pescar em um pequeno barco. "Não trouxe nada comigo quando fui deslocado, então pensei em ganhar a vida com a pesca. Mas os guardas [israelenses] nos impediram e começaram a atirar em nós", disse ele.

A guerra começou após membros do Hamas em Gaza invadirem Israel em 7 de outubro e atacarem comunidades no sul do país. O grupo terrorista matou 1.200 pessoas, incluindo bebês e idosos, e fez 240 reféns, segundo Israel.

Tel Aviv, então, respondeu atacando Gaza, um dos territórios mais densos do mundo. Os bombardeios mataram ao menos 14.800 palestinos —40% deles menores de 18 anos, segundo o Ministério de Saúde local, controlado pelo Hamas.

Enquanto algumas pessoas deslocadas aproveitaram a trégua para verificar o estado de suas residências, outras ficaram com medo de voltar. Hazem al-Sultan, marido de Asmaa, disse que sua família não tem ideia de como estão suas casas —eles não ousaram ir para o norte com medo de serem baleados por soldados israelenses. "Estamos com medo por nossos filhos, por nós mesmos, e não sabemos o que fazer."

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