Netanyahu diz que havia 'fortes indícios' sobre reféns mantidos no maior hospital de Gaza

Tropas invadiram o Al-Shifa na quarta; militares afirmam ter encontrado corpos de vítimas próximos à unidade

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São Paulo

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que havia "fortes indícios" de que reféns capturados pelo Hamas eram mantidos no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. Militares de Israel invadiram o local na quarta (15), o que motivou mais críticas às ações do país no território palestino.

Segundo Netanyahu, os reféns foram retirados às pressas do hospital antes da chegada dos soldados. Em entrevista à rede americana CBS transmitida nesta quinta (16), ele afirmou que a inteligência israelense tem novas informações sobre as vítimas, mas que não iria revelar detalhes para não interferir nas operações.

 Militares de Israel no hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza
Militares de Israel no hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza - Divulgação Forças Armadas de Israel/ via AFP

As tropas de Israel disseram que dois reféns mortos foram encontrados nas proximidades do Shifa. Dentro do hospital, afirmaram terem apreendido armas, granadas e coletes balísticos que seriam usados por integrantes do Hamas. As informações não puderam ser verificadas de forma independente.

Netanyahu afirmou que as tropas israelenses coletaram "evidências concretas" da utilização do Shifa para fins militares. O premiê disse que os soldados também encontraram, em um local abaixo do hospital, um posto de comando com "comunicações militares, equipamento codificado, bombas e mais armas". Os terroristas, segundo ele, teriam fugido quando as forças israelenses estavam se aproximando.

Os integrantes do Hamas levaram mais de 200 reféns para Gaza no dia 7 de outubro, quando extremistas romperam barreiras e fizeram o maior ataque terrorista dos 75 anos de história israelense. Um mês depois do atentado que deu início à guerra Israel-Hamas, a situação das vítimas vive um impasse.

O Jihad Islâmico, segundo maior grupo armado palestino de Gaza, ameaçou em comunicado divulgado na terça (14) abandonar as negociações para trocas de reféns por não estar satisfeito com a sua metodologia. Pretende, no entanto, manter os sequestrados em seu poder "para uma ocasião mais adequada", nas palavras pouco claras do líder da organização, Ziad al-Nakhala.

Antes, um porta-voz das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, havia dito em áudio que Tel Aviv e a facção pareciam ter concordado com os termos de um eventual acordo para a soltura dos reféns —70 mulheres e crianças capturadas em solo israelense em troca da libertação de 75 mulheres e 200 menores palestinos detidos em presídios israelenses. Novas ofensivas de Israel em Gaza, porém, teriam interrompido os diálogos.

A agência de notícias Wafa, que pertence à Autoridade Nacional Palestina (ANP), relatou "vários palestinos mortos e feridos" em um ataque israelense nesta sexta que atingiu um grupo de pessoas desalojadas perto da passagem de fronteira de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito.

Ato contínuo, as entregas de ajuda a Gaza foram mais uma vez suspensas, o que motivou novas manifestações da comunidade internacional sobre a crise humanitária no território palestino. A falta de combustível e o corte da internet e de serviços de telefonia tornam a situação local ainda mais precária —milhares de civis, muitos dos quais forçados a se deslocar, sofrem com o desabastecimento de alimentos e itens básicos.

Horas depois, atendendo a um pedido —ou à pressão— dos EUA, Israel permitiu a entrada de cerca de 17 mil litros de combustível em Gaza, o que teria ajudado a restabelecer, ainda que parcialmente, a comunicação no território. O compromisso com Washington é mais ambicioso: autoridades israelenses e americanas disseram nesta sexta que o combinado é permitir a entrada de cerca de 140 mil litros de combustível a cada dois dias.

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas disse que os civis enfrentam a "possibilidade imediata de fome" por falta de alimentos. A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, manifestou preocupação com a disseminação de doenças em Gaza, já que semanas de bombardeios israelenses fizeram com que a população se aglomerasse em abrigos com pouca comida e água limpas.

Richard Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinos ocupados, disse que mais de 70 mil casos de infecções respiratórias agudas e mais de 44 mil casos de diarreia foram registrados em Gaza, números "significativamente mais altos do que o esperado".

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