Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Novo bombardeio a campo de refugiados em Gaza deixa dezenas de mortos, diz Hamas

Em Israel, ministro é suspenso após sugerir lançar bomba atômica contra palestinos

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São Paulo

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou neste domingo (5) que ao menos 47 palestinos foram mortos e vários outros ficaram feridos em um ataque ocorrido na véspera ao campo de refugiados Maghazi, na região central de Gaza. Antes, a agência de notícias Wafa havia dito que eram 51 vítimas, a maioria mulheres e crianças.

As informações não puderam ser verificadas de forma independente. A Wafa pertence à Autoridade Nacional Palestina (ANP), que controla parcialmente a Cisjordânia.

Palestinos carregando seus pertences se dirigem à pé para o sul da Faixa de Gaza após ordem de Israel - Mohammed Abed - 5.nov.23/ AFP

Se confirmado o ataque a Maghazi, a ação deve se juntar a uma série de ofensivas em que Israel diz estar mirando "terroristas", em referência aos membros do Hamas, em locais onde também moram e circulam civis. A facção palestina, por sua vez, refere-se às vítimas como "mártires", sem fazer distinção entre combatentes e pessoas inocentes.

No último dia 31, as Forças de Defesa de Israel atacaram o Batalhão Central de Jabalia, na região do campo de refugiados homônimo, considerado o maior da região —abrigava 116 mil pessoas antes do início do conflito atual, segundo dados da ONU. A ação teria matado ao menos 50 pessoas.

O ministério de Gaza também disse neste domingo que os bombardeios continuam incessantes. Em um dos ataques, cuja localização exata não foi divulgada, 21 palestinos de uma mesma família que estavam reunidos em uma casa teriam sido mortos.

As ofensivas israelenses na Faixa de Gaza seguem gerando reações de líderes internacionais. A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, afirmou em entrevista no Qatar que "muitos civis" já morreram nos ataques. Segundo ela, escolas, hospitais, trabalhadores humanitários e jornalistas no território palestino devem ser protegidos.

Em Israel, um aliado do premiê Binyamin Netanyahu foi suspenso das reuniões do governo após sugerir um ataque nuclear contra Gaza. O ministro do Patrimônio, Amichai Eliyahu, integrante de um partido de extrema direita da coalizão que comanda o país, disse em entrevista à uma rádio local que lançar uma bomba atômica no território palestino deve ser "uma das possibilidades".

Questionado sobre o destino da população palestina, afirmou que "eles podem ir para a Irlanda ou para os desertos". "Os monstros em Gaza devem encontrar uma solução por si mesmos", disse.

Pressionado, Netanyahu buscou minimizar as declarações. "As palavras de Amichai Eliyahu estão desconectadas da realidade", disse em comunicado. "Israel e as Forças de Defesa de Israel estão agindo de acordo com os mais altos padrões do direito internacional para evitar danos a pessoas não envolvidas. Continuaremos fazendo isso até a vitória", acrescentou.

O ministro suspenso não faz parte do gabinete de segurança que está envolvido na tomada de decisões relacionadas à guerra nem tem influência sobre o comitê que dirige o conflito contra o Hamas.

Enquanto isso, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, fez uma visita surpresa à Cisjordânia, onde encontrou o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas. O americano continua sua viagem pelo Oriente Médio em meio a tensões crescentes devido à guerra.

Blinken e Abbas se reuniram na cidade de Ramallah. A reunião foi a segunda de ambos desde o início do conflito, em 7 de outubro, mas a primeira a ocorrer na Cisjordânia. O líder palestino defendeu um cessar-fogo imediato e ouviu do americano que a ANP deveria "desempenhar um papel central" no futuro de Gaza.

A ANP controla parte da Cisjordânia e foi expulsa de Gaza em 2007. Apesar de desmoralizadas em função de acusações de corrupção, lideranças do órgão são ventiladas para uma eventual nova administração do território palestino ao sul de Israel.

Ao norte, as forças israelenses voltaram a trocar tiros com integrantes do grupo fundamentalista islâmico Hezbollah sediados no Líbano. Um míssil chegou a ser lançado contra Israel, de acordo com as forças de Tel Aviv, "de uma área profunda do território libanês". O artefato foi interceptado pela defesa aérea.

Outros foguetes foram disparados contra postos militares israelenses em diversos pontos da fronteira, sem vítimas relatadas. Israel, por sua vez, atacou as áreas de lançamento.

Uma das ofensivas israelenses teria matado três crianças e a avó delas que estavam em um carro, segundo Hassan Fadlallah, um legislador do Hezbollah da região. Ele chamou o ataque de "desenvolvimento perigoso" e afirmou que o caso teria repercussões.

"O inimigo pagará o preço pelos seus crimes contra civis", disse Fadlallah à agência de notícias Reuters. Segundo eles, as crianças tinham entre 8 e 14 anos. A mãe delas também ficou ferida.

Antes, uma agência de notícias libanesa havia informado que outro ataque de Israel atingiu ambulâncias no Líbano, em bombardeio que resultou em quatro feridos.

O Hezbollah é aliado do Hamas na guerra contra Israel, mas mantém uma intensidade comedida em seus ataques contra Israel, evitando uma escalada maior. Seu líder, Hassan Nasrallah, falou sobre a crise pela primeira vez na sexta (3), dizendo que o plano era manter o adversário "com medo" de que a guerra se alastre. Ambos os grupos são bancados pelo Irã.

Após as escaramuças deste domingo, o general Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior de Israel, disse que as forças do país estão preparadas para enfrentar o Hezbollah. "Estamos prontos para atacar no norte a qualquer momento. Entendemos que isso pode acontecer", afirmou.

Com Reuters e AFP

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