Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Brasileiro preso por suspeita de ligação com Hezbollah filmou sinagogas em Brasília

Justiça liberta dois dos supostos recrutados, mantém um em prisão preventiva e condena sírio que está foragido à prisão

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Ricardo Brito
Brasília | Reuters

Um brasileiro preso sob suspeita de ligações com o grupo islâmico xiita Hezbollah fez vídeos e fotos de duas sinagogas e de um cemitério judaico em Brasília poucas semanas antes de ser detido pela Polícia Federal (PF) sob acusações de terrorismo no mês passado, segundo mostram documentos judiciais.

Lucas Passos Lima foi um dos três presos em novembro, quando a PF desarticulou uma suposta célula do Hezbollah trabalhando com base em uma denúncia do FBI, a polícia federal americana, sobre um possível ataque no Brasil ou em países vizinhos.

Membros da Força Aérea do Brasil no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, estado onde foi preso um dos suspeitos de ligação com o Hezbollah
Membros da Força Aérea do Brasil no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, estado onde foi preso um dos suspeitos de ligação com o Hezbollah - Mauro Pimentel - 9.nov.23/AFP

De acordo com um documento de 5 de dezembro da Justiça Federal visto pela Reuters, a PF encontrou evidências no telefone apreendido de Lima de que ele teria "realizado tarefas de reconhecimento em locais para possíveis ataques contra a comunidade judaica no Brasil". A informação foi antecipada pela coluna Mônica Bergamo.

Em setembro, diz o documento, Lima fez vídeos e fotos das sinagogas de Taguatinga e Águas Claras, em Brasília, além da área judaica no cemitério Campo da Esperança. Além disso, seu histórico de busca revelou pesquisas sobre um líder judeu não identificado, bem como sobre a embaixada de Israel no Brasil e locais judaicos em Goiás.

Em um dos vídeos em seu telefone, filmado enquanto passava pela sinagoga de Taguatinga, alguém no veículo pode ser ouvido dizendo: "Bingo".

O documento também mostra que Lima fez treinamento com armas e procurou um piloto com experiência em cruzar fronteiras, possivelmente com o objetivo de fugir após um possível ataque.

Lima é um dos ao menos cinco brasileiros suspeitos de terem sido contatados pelo suposto recrutador do Hezbollah Mohamad Khir Abdulmajid, um sírio naturalizado brasileiro que está foragido. Dois dos supostos recrutados foram libertados da prisão temporária, de acordo com a decisão da juíza em 5 de dezembro, uma vez que "não oferecem perigo à investigação ou à sociedade".

No entanto, a juíza do caso ordenou que Lima fique em prisão preventiva. Abdulmajid, que está foragido, também é alvo de uma ordem de prisão.

As mensagens entre Lima e Abdulmajid "mostram uma lealdade desmedida aos propósitos da organização terrorista", afirma o documento. Nas mensagens de Lima para Abdulmajid, ele pede regularmente que lhe seja dada "uma missão". "Pode deixar que vai ser cumprido o que mandar", disse Lima em uma mensagem para Abdulmajid.

O Hezbollah, que foi criado pela Guarda Revolucionária do Irã em 1982 para combater as forças israelenses que invadiram o Líbano, atua como ponta de lança do Irã no Líbano e na região.

Colaborou Gabriel Stargardter, do Rio de Janeiro

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