EUA removem monumento confederado de cemitério na Virgínia

Estátua apresentava escravidão de 'maneira higienizada', diz comissão do Departamento de Defesa

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São Paulo | AFP

O Exército dos Estados Unidos removeu uma estátua confederada no Cemitério Nacional de Arlington, no estado da Virgínia, como parte de esforços para recolher monumentos que homenageiam figuras controversas da história e os estados pró-escravidão na Guerra Civil Americana, no século 19.

Trabalhador prepara remoção de estátua no cemitério de Arlington, no estado da Virgínia
Trabalhador prepara remoção de estátua no cemitério de Arlington, no estado da Virgínia - Elizabeth Fraser/Cemitério Nacional de Arlington/AFP

A remoção foi alvo de imbróglio judicial. Um tribunal havia temporariamente interrompido a retirada da estátua de bronze, chamada apenas de Memorial Confederado, mas posteriormente permitiu que os militares prosseguissem. No cemitério estão enterrados 400 mil veteranos e seus familiares.

"Enquanto o trabalho [de remoção] é realizado, sepulturas, lápides e a paisagem circundante serão cuidadosamente protegidas por uma equipe dedicada", dizia um comunicado no site do cemitério.

Erguida em 1914, a estátua retrata uma mulher vestida com robe clássico, representando o sul dos EUA, em pé no topo de um pedestal adornado com figuras em tamanho real de divindades, soldados confederados e civis.

Entre essas figuras estão uma personagem afro-americana escravizada que segura o filho de um oficial confederado branco e um homem negro escravizado seguindo seu senhor para a guerra, de acordo com a descrição do cemitério.

Protestos em todo o país contra o racismo e a brutalidade policial desencadeados pelo assassinato de George Floyd, em 2020, reacenderam os pedidos de remoção de estátuas em homenagem à Confederação, que foi derrotada na Guerra Civil Americana (1861-1865), também conhecida como Guerra de Secessão.

Ativistas também pedem a mudança de nome de instalações militares que homenageiam figuras do sul separatista.

Estátua confederada é removida de cemitério no estado da Virgínia, nos EUA
Estátua confederada é removida de cemitério no estado da Virgínia, nos EUA - Elizabeth Fraser - 20.dez.23/Cemitério Nacional de Arlington/AFP

O orçamento da Defesa de 2021 exigiu o estabelecimento de uma comissão para planejar a remoção de nomes, símbolos, exposições e monumentos ligados à Confederação que sejam de propriedade do Departamento de Defesa, como o memorial do cemitério.

A comissão afirmou em relatório que o memorial em Arlington "oferece uma visão nostálgica e mitologizada da Confederação, incluindo representações altamente higienizadas da escravidão".

Recomendou que a estátua no topo do memorial fosse removida e seus componentes de bronze desmontados, deixando sua base e fundação no local para minimizar o risco de perturbação inadvertida das sepulturas.

Os oponentes da remoção —descritos em um documento judicial como "uma série de organizações e indivíduos preocupados com a preservação de monumentos confederados e a ‘herança sul-americana’"— tentaram bloquear a remoção do memorial, argumentando que medidas inadequadas estavam sendo tomadas para proteger os túmulos.

Eles obtiveram uma ordem de restrição temporária que interrompeu o trabalho na segunda-feira (18), mas essa ordem foi revogada no dia seguinte, permitindo que o trabalho de remoção fosse retomado.

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