Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel amplia ataques em Gaza após trégua e volta a ordenar deslocamento de civis

Mediação no Qatar para novo cessar-fogo fracassa, e fronteira com o Líbano registra enfrentamentos contra o Hezbollah

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Faixa de Gaza voltou a ser palco de intensos ataques aéreos após a semana de cessar-fogo negociada entre Israel e o Hamas acabar. Neste sábado (2), as Forças de Defesa de Tel Aviv voltaram a pedir que a população da faixa palestina esvazie áreas ao norte e também ao sul que eles pretendem bombardear.

Moradores do Hamad Town, um complexo residencial financiado em 2017 pelo Qatar em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, reunidos na rua prestes a deixar suas casas após ordens do Exército de Israel
Moradores do Hamad Town, um complexo residencial financiado em 2017 pelo Qatar em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, reunidos na rua prestes a deixar suas casas após ordens do Exército de Israel - Mahmud Hams/AFP

O aviso deste sábado se deu de maneira diferente, porém, daquele do ultimato para a retirada de civis do norte do início da guerra. Porta-vozes militares estão divulgando um mapa de Gaza com divisões por quarteirões e marcações sobre as áreas que supostamente serão atingidas.

Eles também descrevem locais que poderiam servir de abrigo aos civis, como escolas. Uma das principais críticas na primeira etapa da guerra, anterior ao cessar-fogo, dizia respeito ao fato de que mesmo regiões para as quais os civis se deslocaram eram alvos de ataques aéreos.

Os mapas distribuídos parecem ser uma forma de o Estado judeu mostrar que ouviu o pedido feito pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken —em sua terceira visita ao Oriente Médio desde o início da guerra—, na véspera. Na ocasião, ele afirmou que o governo israelense tinha concordado em designar claramente zonas de segurança e implementar medidas concretas para evitar danos à infraestrutura crítica, como hospitais e instalações hidráulicas.

Ao mesmo tempo, Israel aumentou o ritmo de sua ofensiva, e afirmou ter atacado 400 alvos em Gaza desde o fim da trégua, na sexta-feira (1º). Também afirmou ter realizado ataques a infraestruturas e equipamentos usados pela força naval do Hamas no litoral de Khan Yunis, ao sul da faixa, no mar Mediterrâneo.

No mesmo período, mais de 200 palestinos morreram e ao menos 650 ficaram feridos em Gaza, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde local, atrelado ao Hamas. O órgão contabiliza 15.207 óbitos no território desde o início dos enfrentamentos, 70% deles de mulheres e crianças.

Autoridades palestinas divulgaram ainda novo balanço de mortos na Cisjordânia ocupada, região que assiste à violência escalar nesta guerra. Com o falecimento de um homem de 21 anos em Beitunia após embates com forças de Israel, o número de mortos teria chegado a 247 desde a eclosão da guerra —ou a 455 desde o início do ano.

Chefes do Mossad, o serviço secreto de Israel, estiveram neste sábado no Qataremirado que é um dos principais mediadores do conflito— para conversas sobre um possível novo cessar-fogo. Mas voltaram para casa afirmando terem chegado a um "beco sem saída", uma vez que o Hamas estaria se recusando a libertar as 15 mulheres e crianças sequestradas do sul israelense ainda em suas mãos.

Horas após a declaração, o vice-chefe do escritório político da facção, Saleh al-Arouri, afirmou em entrevista à rede Al Jazeera que a posição oficial do grupo a partir de agora é a de que nenhum outro refém israelense será libertado até que acabe a guerra ou, alternativamente, que um cessar-fogo seja acompanhado da libertação de todos os detentos palestinos hoje mantidos em prisões israelenses.

Também na manhã deste sábado, caminhões de ajuda humanitária voltaram a cruzar a passagem de Rafah, entre Egito e Gaza, com alimentos, água e suprimentos para a população que reside na faixa palestina. O anúncio foi feito nas redes sociais pelo Crescente Vermelho, versão da Cruz Vermelha para regiões de maioria muçulmana, que afirma que ao menos 50 caminhões cruzaram o posto de controle.

A ajuda enviada por meio da fronteira egípcia, considerada crucial diante do bloqueio que vive Gaza, foi brevemente interrompida na véspera em razão da retomada mútua de ataques após o fim do cessar-fogo.

Israel troca ataques com Hezbollah e Guarda Revolucionária do Irã

Em paralelo, a região também registrou trocas de ataques entre militares israelenses e membros do Hezbollah na fronteira do país com o Líbano.

No Telegram, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que na noite de sexta mapearam diversos lançamentos provenientes de território libanês com direção à comunidade de Dishon, no norte do país. Em resposta, dizem ter realizado ataques contra a célula responsável.

O Hezbollah disse que ao menos dois de seus homens morreram em combate. A Unifil, a missão de paz das Nações Unidas que desde o final da década de 1970 atua no sul libanês, disse que os bombardeios de Israel atingiram áreas próximas a sua sede na cidade costeira de Naqoura, mas não citou feridos.

O Irã, que apoia e financia tanto o Hezbollah quanto o Hamas, também afirmou que dois membros de sua Guarda Revolucionária —força de elite iraniana— morreram em meio a ataques de Israel durante uma "missão de assessoramento à resistência islâmica" na Síria, sem dar detalhes.

Somados, os episódios expressam novamente o temor de que a atual guerra que assola o território de Gaza escale para um conflito regional.

A principal preocupação gira em torno da possível abertura de um conflito armado contra o Irã, que luta uma espécie de guerra por procuração apoiando o Hezbollah libanês em seus ataques contra Israel.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.