'Não há dúvida de que Trump apoiou uma insurreição', diz Biden

Presidente comenta decisão da Suprema Corte do Colorado que desqualificou o republicano por papel no ataque ao Capitólio

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MILWAUKEE (EUA) | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira (20) que não há dúvida de que seu antecessor, Donald Trump, apoiou uma insurreição, mas que cabe aos tribunais decidirem se isso o desqualifica para concorrer à Presidência.

"É evidente. Vocês viram tudo. Se a 14ª Emenda se aplica ou não, deixaremos a decisão para o tribunal", disse Biden a repórteres durante uma viagem a Wisconsin. "Mas ele certamente apoiou uma insurreição. Não há dúvida sobre isso. Nenhuma. Zero. E aparentemente parece que ele está reforçando essa posição."

Os comentários do presidente foram em resposta à decisão da Suprema Corte do Colorado na terça-feira (19), que desqualificou Trump de servir como presidente dos Estados Unidos e disse que ele não pode aparecer nas cédulas das eleições primárias no Colorado devido a seu papel no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. As primárias determinam quem será o candidato de cada partido.

Homem idoso branco, de cabelos loiros, vestindo terno azul e gravata vermelha, aparece em palco com os dizeres "Make America Great Again"ao fundo
O ex-presidente dos EUA e pré-candidato à presidência pelo partido republicano Donald Trump faz comício em Iowa, nos EUA, em 19 de dezembro . - Scott Morgan/REUTERS

A histórica decisão torna Trump o primeiro candidato presidencial considerado inelegível para a Casa Branca com base na raramente usada 14ª Emenda da Constituição dos EUA. A cláusula proíbe autoridades que tenham participado de "insurreição ou rebelião" de ocupar cargos públicos.

A corte acatou o argumento de que a 14ª Emenda o desqualifica por insurreição por ter instigado a invasão do Capitólio, a sede do Legislativo americano, naquele que é considerado o maior ataque à democracia dos EUA na história recente.

Na ocasião, o Congresso estava reunido para formalizar a vitória de Joe Biden. Trump e seus apoiadores, no entanto, insistiam em teorias comprovadamente falsas de que o pleito tinha sido fraudado e de que, portanto, a vitória do democrata era ilegítima.

Trump disse que vai recorrer da decisão à Suprema Corte dos EUA, e o tribunal do Colorado disse que adiará o efeito de sua decisão até pelo menos 4 de janeiro de 2024, para permitir um recurso. O calendário leva em conta o fato de que um dia depois da data, 5 de janeiro, é o prazo legal para que esteja definida a lista de candidatos para as primárias republicanas.

A campanha de Trump chamou a ação de "antidemocrática". "A Suprema Corte do Colorado emitiu uma decisão completamente falha, e apresentaremos rapidamente um recurso à Suprema Corte dos Estados Unidos", disse um porta-voz da campanha do ex-presidente.

A decisão, por ora, vale apenas para o Colorado. Mas, se acatada pela Suprema Corte dos EUA, terá potencial para alterar os rumos da eleição do próximo ano, a ser realizada em novembro.

Trump se mostra até aqui o principal nome do Partido Republicano para disputar a Presidência contra o democrata Joe Biden, que tentará a reeleição.

A acusação de insurreição é considerada a principal brecha para que Trump, em pré-campanha, seja impedido de concorrer novamente.

Ainda que diversos outros processos pesem contra ele —Trump é, afinal, o primeiro ex-presidente indiciado por um crime na história do país—, os EUA não possuem uma lei equivalente à da Ficha Limpa, que no Brasil impede a candidatura de condenados na Justiça, alvos de cassação de mandato ou que renunciaram.

A decisão sobre o recurso com que Trump deve entrar será um novo teste para a maioria conservadora que ele conseguiu formar na mais alta instância da Justiça americana.

Se a Suprema Corte confirmar a decisão estadual, ele poderá ser desqualificado de forma mais ampla, e a decisão do Colorado também abre precedente para que outras cortes máximas estaduais sigam o mesmo caminho.

Trump pede que Suprema Corte não acelere seu pedido de imunidade

Nesta quarta, Trump instou a Suprema Corte dos EUA a rejeitar um pedido de promotores federais para que os magistrados avaliassem imediatamente a alegação do ex-presidente de que ele não pode ser processado por tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020.

Trump apresentou a ação judicial em resposta a um pedido do promotor especial que o indiciou, Jack Smith. Caso a Suprema Corte aceite o pedido da promotoria, os juízes vão avaliar a reivindicação de imunidade criminal do ex-presidente enquanto um tribunal inferior corre para decidir sobre a mesma questão.

A tentativa de Trump é de paralisar os processos legais e atrasar o início do seu julgamento, atualmente marcado para março.

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