Ataque de drone perto da Síria mata 3 militares dos EUA, que acusam Irã

Trata-se das primeiras baixas americanas na região desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | Reuters

Três membros do serviço militar dos Estados Unidos foram mortos e dezenas ficaram feridos durante um ataque a drone contra as forças americanas no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria, afirmou neste domingo (28) o presidente Joe Biden, que culpou grupos apoiados pelo Irã pela ofensiva.

"Embora ainda estejamos reunindo os fatos desse ataque, sabemos que foi realizado por grupos militantes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque", disse o democrata em um comunicado.

Pelo menos 34 pessoas estão sob observação para averiguar possíveis lesões cerebrais, afirmou um agente dos EUA à Reuters. Outro funcionário ouvido pela agência de notícias disse que o ataque atingiu os arredores dos alojamentos onde os militares estavam, o que explicaria o alto número de vítimas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, discursa na Igreja de São João Batista, na Carolina do Sul - Kent Nishimura/AFP

Apesar do comunicado de Biden, o porta-voz do governo da Jordânia Muhannad al Mubaidin afirmou à emissora pública al Mamlaka que o incidente não ocorreu em seu país, mas na Síria. Segundo ele, a ofensiva tinha como alvo a base americana de Al-Tanf, na nação vizinha. Outra pessoa familiarizada com o assunto, porém, afirmou à Reuters que a base dos EUA na Jordânia que foi atacada era a Tower 22.

Posteriormente, a Resistência Islâmica no Iraque, um grupo que abriga diversas facções apoiadas pelo Irã, reivindicou ataques a três bases, incluindo uma na fronteira entre Jordânia e Síria.

A morte dos militares, que ocorreu na noite de sábado (27), segundo Biden, marca as primeiras baixas dos EUA na região desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro —antes disso, dois membros da Marinha do país morreram afogados na última semana, durante uma missão em um navio que buscava armas iranianas.

O último incidente, portanto, é uma escalada importante da situação já tensa no Oriente Médio —a região está em ebulição desde o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv. A reação do Estado judeu na Faixa de Gaza matou mais de 26 mil palestinos, segundo o grupo terrorista.

Embora os EUA tenham afirmado até agora que não estão em guerra na região, Washington tem realizado ofensivas contra alvos dos grupos houthis do Iêmen, que nos últimos meses passaram a atacar navios comerciais no mar Vermelho.

"Continuaremos com o compromisso de combater o terrorismo. E não tenham dúvida —responsabilizaremos todos os envolvidos no momento e da maneira que escolhermos", disse Biden em seu comunicado divulgado pela Casa Branca.

Desde o início do conflito em Gaza, as forças dos EUA foram atacadas mais de 150 vezes por grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, causando ferimentos em 70 pessoas antes da ofensiva deste sábado —a maioria sofreu lesões cerebrais.

O incidente virou munição na mão dos opositores de Biden, que consideram o ocorrido uma evidência do fracasso do presidente democrata em confrontar o Irã. "A única resposta a esses ataques deve ser uma retaliação militar devastadora contra as forças terroristas do Irã. Qualquer coisa menos do que isso confirmará que Joe Biden é um covarde", disse em um comunicado o senador republicano Tom Cotton.

Para Sami Abu Zuhri, alto funcionário do Hamas, há ligação entre a ofensiva e a operação de Israel em Gaza. "O assassinato de três soldados americanos é uma mensagem para a administração dos EUA de que, a menos que o assassinato de inocentes em Gaza pare, eles devem enfrentar toda a nação", disse ele à Reuters. "A agressão americano-sionista contínua em Gaza é capaz de se alastrar pela região."

A atividade militar dos EUA na Jordânia é um assunto sensível, especialmente em um momento de tensões elevadas no Oriente Médio. Desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, Washington deu cerca de US$ 1 bilhão à Jordânia para o país reforçar a segurança na fronteira.

Há uma crescente preocupação na Jordânia com a propagação da guerra. No final do ano passado, por exemplo, o país pediu que Washington implantasse sistemas de defesa aérea para reforçar sua fronteira.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.