Brasil reitera posição contra independência de Taiwan durante visita de chanceler da China

Wang Yi deve se reunir com o presidente Lula ainda nesta sexta; diplomata defende que Taipé 'nunca será país'

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Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reafirmou nesta sexta-feira (19) que o Brasil compartilha do princípio de "uma só China", que exige que países com relações diplomáticas com o gigante asiático não reconheçam Taiwan como um Estado independente.

A afirmação de Vieira ocorreu em declaração conjunta com seu homólogo chinês, Wang Yi, após reunião no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ambos também discutiram a Guerra da Ucrânia e a guerra Israel-Hamas e anunciaram um acordo para estender de cinco para dez anos o prazo de validade dos vistos dos dois países para turismo, negócios e visitação.

Os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da China, Wang Yi, durante encontro no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Sergio Lima - 19.jan.24/AFP

Wang afirmou que o dirigente da China, Xi Jinping, deve viajar ao Brasil em novembro para reunião da cúpula do G20, no Rio de Janeiro —o Brasil ocupa a presidência rotativa do grupo neste ano. O chanceler chinês também deve se encontrar com Lula ainda nesta sexta-feira, em Fortaleza.

O evento acontece quase um ano após o petista, acompanhado de uma grande comitiva, visitar o país asiático e reunir-se com Xi Jinping. Na ocasião, seu objetivo era remendar os laços com Pequim após os conflitos entre os dois países durante os anos Jair Bolsonaro (PL). Na capital chinesa, Lula também reiterou a posição diplomática do Brasil, contrária à independência de Taiwan.

A ilha considerada uma província rebelde por Pequim elegeu no último fim de semana um presidente ainda mais antirregime. Wang, aliás, foi o autor de uma das falas mais duras em relação às ambições separatistas de Taipé durante a votação. Do Egito, onde encontrou-se com o ditador Abdel Fattah al-Sisi, disse que Taiwan nunca foi um país: "Não foi no passado e certamente não será no futuro".

O pleito contribuiu para aumentar as tensões no estreito que separa o território do continente. Nesta semana, por exemplo, o Ministério de Defesa taiwanês afirmou ter detectado pelo menos 24 jatos da Força Aérea chinesa realizando exercícios em conjunto com navios de guerra ao redor da ilha. Atividades militares do tipo têm sido recorrentes, mas esta ganhou novo peso por ser a primeira em larga escala depois da eleição.

Mauro Vieira disse que a "proveitosa reunião" com seu homólogo chinês faz parte de uma "série de encontros de alto nível entre os dois países ao longo de 2024" para comemorar os 50 anos de relação diplomática entre Brasil e China —o que inclui a visita de Xi.

Wang, por sua vez, afirmou que Pequim aprecia o fato de "todas as instituições do Brasil" levarem em conta o princípio de "uma só China". Ele também lembrou que o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina, e disse que o plano é "aprofundar a cooperação" entre os dois países em áreas como agricultura, mineração e pesquisa e desenvolvimento aeroespacial.

"Decorrido meio século, as nossas relações estão mais maduras e resilientes, o que demonstra vigor. Precisamos dar continuidade ao êxito do passado e abrir perspectivas para o futuro", declarou o chinês.

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