Japoneses enfrentam filas por água e comida após terremoto que matou 55

Mais de 30 mil casas seguem sem eletricidade em região afetada, situação que preocupa devido ao frio registrado à noite

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São Paulo

O número de mortes provocadas por um terremoto no Japão no primeiro dia do ano aumentou para ao menos 55 nesta terça-feira (2), enquanto socorristas ainda conduziam operações à procura de sobreviventes.

Prédio de sete andares na cidade de Wajima, na província de Ishikawa, no Japão, que colapsou após área ser atingida por terremoto - Jiji Press/AFP

O epicentro do sismo ocorreu em Ishikawa, no centro-norte do arquipélago. Com a luz da manhã, autoridades puderam constatar a extensão da destruição causada pelos tremores na província, com edifícios ainda fumegantes, casas demolidas e barcos de pesca afundados ou arrastados para a costa em diversas cidades.

"Precisamos correr contra o tempo para resgatar os afetados", declarou a jornalistas o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Cerca de 33 mil domicílios ainda estão sem energia elétrica em Ishikawa e na vizinha Niigata, uma situação que preocupa devido às baixas temperaturas registradas durante a noite. Cerca de 20 mil residências localizadas nas quatro províncias afetadas pelos tremores também seguem sem água potável.

É o caso da pequena cidade de Shika, em Ishikawa, onde centenas de moradores se enfileiravam na manhã desta terça para receber os seis litros de água designados a cada habitante pelas autoridades.

O tremor de magnitude 7,6 sacudiu Ishikawa às 16h10 do horário local (4h10 em Brasília). "Foi um choque muito violento", disse à agência de notícias AFP Tsugumasa Mihara, 73, enquanto aguardava. "Que maneira horrível de começar o ano", completou.

Mihara conta que estava cochilando quando foi acordado por um "forte tremor" na madrugada do Ano-Novo. Os danos à sua propriedade foram leves, com apenas alguns pratos se quebrando ao caírem no chão da cozinha.

Muitos outros moradores da região tiveram menos sorte, e viram os edifícios e casas onde residiam desabarem após os tremores. Em Wajima, por exemplo, um bairro inteiro de construções de madeira foi destruído pelas chamas.

Akiko, 46, estava visitando a família no município costeiro junto com os filhos para comemorar o fim do ano. Desde o terremoto, ela e seus parentes dormem do lado de fora da propriedade de madeira dos pais, que ficou inclinada.

Ela conta que não pode voltar para casa no momento porque as estradas estão bloqueadas, seja em razão de deslizamentos de terra ou por terem desabado após o sismo.

Os bloqueios dificultam a chegada dos serviços de emergência. Em algumas áreas, habitantes trabalhavam para vedar as rachaduras nas rodovias e facilitar a passagem dos bombeiros, da polícia e do Exército —o ministro da Defesa japonês, Minoru Kihara, informou que mil militares estão preparados para ir à região, e outros 8.500 foram mobilizados.

Além de água, suprimentos também estão em falta na região atingida. De acordo com o governo, pelo menos 57.360 pessoas já deixaram suas casas e se dirigiram a quase mil diferentes abrigos nas províncias afetadas.

A Agência Meteorológica do Japão informou que, depois do terremoto inicial, foram registradas 155 réplicas, a maioria delas com magnitude superior a 3. Autoridades haviam emitido alertas de tsunami depois que ondas de 1,2 metro foram registradas em Wajima, mas estes foram desativados na manhã da terça.

Situado no chamado "cinturão de fogo" do Pacífico, o Japão é um dos países do mundo onde os terremotos são mais frequentes. As normas de construção locais são rígidas, os edifícios costumam resistir a fortes tremores, além de a população estar habituada a situações do tipo.

Com AFP, Reuters e The New York Times

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