Número de mortes no terremoto do Japão sobe a 84, e chuvas dificultam buscas

Infraestrutura danificada e localização remota das áreas mais atingidas também atrapalham esforços de resgate

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São Paulo

Socorristas do Japão trabalhavam pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira (3), em condições adversas, para encontrar sobreviventes do terremoto de magnitude 7,6 que provocou destruição em várias cidades do país no dia do Ano-Novo. As autoridades atualizaram o número de mortes para 84.

O terremoto atingiu a região de Ishikawa, na ilha de Honshu, e provocou o colapso de milhares de casas, além de incêndios, bloqueios nas estradas e um alerta de tsunami.

Homem caminha em região atingida por terremoto na cidade de Anamizu, no Japão
Homem caminha em região atingida por terremoto na cidade de Anamizu, no Japão - Kazuhiro Nogi/AFP

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou nesta quarta que os socorristas "corriam contra o tempo" já que várias vítimas continuam presas sob os escombros. "Temos muitos relatos de pessoas que ainda precisam ser resgatadas", disse ele após uma reunião de gestão da crise.

Chuvas fortes em uma das regiões mais afetadas, a península de Noto, dificultam as buscas e aumentam os temores de novos deslizamentos de terra. A infraestrutura danificada e a localização remota das áreas mais atingidas também dificultam os esforços de resgate. A extensão total dos danos e o número de vítimas ainda não estão claros mais de dois dias após o tremor.

O terremoto sacudiu Ishikawa às 16h10 locais (4h10 em Brasília) de segunda-feira (1º). Centenas de tremores secundários foram registrados nas horas seguintes, e as operações de buscas são interrompidas quando há alertas de instabilidade do terreno, que forçam os socorristas a deixarem os escombros.

O balanço de mortos ainda deve aumentar, já que as buscas devem se prolongar por vários dias em zonas rurais de difícil acesso, segundo as autoridades. Na cidade costeira de Suzu, o prefeito Masuhiro Izumiya, citado pela emissora de televisão TBS, disse que "cerca de 90% das casas foram totalmente, ou quase totalmente, destruídas". "A situação é verdadeiramente catastrófica", afirmou.

Mais de 31 mil pessoas estavam em abrigos. Quase 34 mil casas continuavam sem luz na região de Ishikawa, e outras 115 mil, sem água, de acordo com o governo.

Yuko Okuda, 30, disse à agência de notícias AFP que está em um abrigo por receio de sua casa colapsar em um dos tremores secundários. "Minha casa pode desabar a qualquer momento", disse a mulher que vive em Anamizu, na península de Noto.

O diretor de pesquisas do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, o geólogo Robin Lacassin, advertiu que, com um terremoto dessa magnitude, é possível que haja réplicas durante meses. As autoridades de Ishikawa pediram à população que deixem de contatar familiares impactados para preservar as baterias dos telefones para as chamadas de emergência.

Os trens de alta velocidade retomaram seus serviços no centro do país, depois que cerca de 2.400 passageiros passaram várias horas bloqueados nas plataformas das estações. Algumas rodovias também foram reabertas para facilitar a entrega de alimentos e produtos de primeira necessidade, mas o estado das estradas dificulta o trânsito.

Situado no chamado "cinturão de fogo" do Pacífico, o Japão é um dos países do mundo onde os terremotos são mais frequentes. As normas de construção locais são rígidas, os edifícios costumam resistir a fortes tremores, além de a população estar habituada a situações do tipo.

A última vez que um tsunami grave alcançou a costa do Japão foi em 11 de março de 2011. Na ocasião, a nação insular registrou um tremor de magnitude 9 seguido de uma enorme onda que matou quase 20 mil pessoas, devastou cidades no nordeste do país e desencadeou fissões nucleares em Fukushima —o pior acidente nuclear registrado no mundo desde o ocorrido na usina de Tchernóbil, na então União Soviética, em 1986.

O terremoto desta segunda não provocou danos significativos nas usinas nucleares japonesas, segundo as autoridades locais.

Com Reuters e AFP

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