Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia pede investigação sobre queda de avião militar a órgãos internacionais

Kiev diz que enviará cartas para ONU e Cruz Vermelha enquanto Moscou culpa Exército ucraniano por incidente que matou 74

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Moscou | AFP e Reuters

A Ucrânia pediu a órgãos internacionais nesta quinta-feira (25) uma investigação sobre a derrubada de um avião de transporte militar que caiu em Belgorodo, na Rússia, matando todas as 74 pessoas a bordo —65 das quais seriam prisioneiros de guerra ucranianos a serem trocados por russos.

O pedido, feito pelo comissário de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Dmitro Lubinets, numa transmissão pela TV, veio um dia depois de Moscou acusar Kiev de abater o avião deliberadamente. O governo ucraniano não disse se suas forças foram ou não responsáveis pela queda e não confirmou a presença de prisioneiros ucranianos a bordo.

Bola de fogo sobe ao céu após queda de avião na região russa de Belgorodo - Reprodução/Telegram

Lubinets afirmou que enviará cartas para as Nações Unidas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha com a demanda. "Em relação a uma investigação internacional, acredito que faremos a nossa parte para que isso aconteça. Mas estou convencido de que os russos não entregarão nenhum material para análise e simplesmente culparão a Ucrânia", disse Lubinets.

"De acordo com minhas informações, não posso afirmar positivamente que havia de fato prisioneiros de guerra. Não vimos qualquer indicação de que houvesse um número tão grande de pessoas no avião", declarou.

Nesta quinta, está prevista uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, a pedido de Moscou, para discutir o caso.

Na noite de quarta (24), o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, já havia pedido uma investigação internacional do caso, depois de ficar o dia em silêncio em relação ao avião. Em um vídeo gravado, ele disse que não tinha como "confirmar fatos" porque a queda foi no país vizinho e que a Rússia "brincava com a vida dos prisioneiros e os sentimentos de suas famílias".

A Rússia classificou a derrubada do avião como um "ato terrorista" de Kiev e anunciou nesta quinta uma investigação criminal sobre o caso. O Kremlin disse que ninguém poderia afirmar nesta fase como o incidente afetaria futuras trocas de prisioneiros.

O avião foi derrubado em Belgorodo, a 45 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. De acordo com Moscou, o Exército ucraniano "sabia com certeza" que os russos levariam os prisioneiros ucranianos de avião para a cidade e depois para um ponto de encontro na fronteira.

Por sua vez, os serviços de inteligência ucranianos disseram que a Ucrânia não havia sido informada da necessidade de garantir a segurança do espaço aéreo na área.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, os ucranianos lançaram dois mísseis a partir de um sistema de defesa antiaérea localizado na região de Kharkiv para derrubar o avião de transporte militar Il-76 e depois poder acusar a Rússia.

O Il-76 é o esteio da frota de cargueiros pesados russos, com 107 deles ativos até o acidente desta quarta. Ele pode carregar até 50 toneladas de carga e um número de passageiros que vai de 90 a 250 pessoas, dependendo do equipamento que carregam.

Em uso desde 1974, é um modelo com diversas versões civis e militares, sendo hoje operado por 16 países. Sua variante radar, o Beriev A-50, é um dos aviões mais caros a serviço da Rússia, e a Ucrânia abateu 1 das 10 unidades em operação na semana passada sobre o mar de Azov.

Nesta guerra, ao menos um Il-76 foi derrubado quando levava tropas para o aeroporto de Hostomel, que os russos tomaram e tentaram usar, sem sucesso, como base para cercar Kiev nos primeiros dias da invasão. Outros quatro foram danificados em uma pista russa em Pskov por um drone, no ano passado.

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