Ucrânia só abate metade dos mísseis em novo ataque da Rússia

Moscou repete tática para degradar defesas; ao menos 9 morrem em Kharkiv e Kiev

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São Paulo

As forças de Vladimir Putin voltaram a fazer um ataque maciço com mísseis contra Kiev e Kharkiv, primeira e segunda maiores cidades da Ucrânia, respectivamente, com eficácia superior à que vinha sendo registrada ao longo da guerra decorrente da invasão russa de fevereiro de 2022.

Ao menos 9 pessoas morreram, 8 delas em Kharkiv, devido à ação, ocorrida no começo da manhã desta terça (23), madrugada no Brasil. Havia cerca de 60 feridos.

Socorristas retiram morador de prédio atingido por míssil russo em Kharkiv, na Ucrânia
Socorristas retiram morador de prédio atingido por míssil russo em Kharkiv, na Ucrânia - Viacheslav Madiievskii/Reuters

Foi o maior ataque desde a virada do ano, quando os russos mudaram suas táticas e passaram a empregar ondas com mísseis diversos, visando a degradar progressivamente a capacidade das defesas aéreas dos ucranianos.

Desta vez, foram 41 mísseis lançados, com a Força Aérea local dizendo ter derrubado 21 deles —modelos de cruzeiro e balísticos. Curiosamente, não houve relato de ondas iniciais com drones, que saturam a capacidade de defesa por serem mais fáceis de abater, abrindo o caminho para os mísseis empregados.

Isso pode sugerir uma perda ainda maior de capacidade de defesa por parte de Kiev. De outubro de 2022 a setembro de 2023, o país dizia derrubar mais de 80% dos mísseis e drones jogados contra si. A mudança tática russa veio no fim do ano passado, acompanhada pelo relato da destruição de ao menos uma bateria antiaérea americana Patriot, essencial para a proteção de Kiev.

Em Kharkiv, um gasoduto foi rompido e explodiu. À noite, a prefeitura local disse que mais três mísseis haviam atingido a cidade, sem danos aparentes. O Ministério da Defesa russo divulgou nota dizendo que apenas mirou alvos militares e industriais, e o Kremlin negou, como de praxe, que alveje civis.

Na mão contrária, os russos perderam na semana passada um avião-radar A-50, uma das peças mais caras de seu arsenal aéreo e de dificílima reposição —agora há apenas nove existentes, não se sabe quantos totalmente operacionais.

O A-50 foi abatido sobre o mar de Azov por um míssil ucraniano ainda não identificado, o que levou a especulações se Kiev teria tido coragem de expor uma de suas baterias Patriot a uma posição próxima da linha de frente no sul, única localização possível para que tivesse alcance para atingir a aeronave.

As capacidades antiaéreas de Kiev são uma das maiores preocupações do governo de Volodimir Zelenski. Com o inverno no hemisfério norte, as ações terrestres principais ficaram mais restritas, e os russos aproveitaram o estoque de mísseis amealhado ao longo de 2023 para abrir uma nova fase da guerra com ataques maciços.

A Ucrânia passa por dificuldades desde que fracassou em sua contraofensiva para isolar a Crimeia no ano passado. A oposição republicana no Congresso dos Estados Unidos segue bloqueando um pacote de ajuda militar de R$ 300 bilhões pedido pelo presidente Joe Biden, cortesia da campanha eleitoral pela Casa Branca. E a União Europeia não se acerta sobre auxílio semelhante, por ora vetado pela russófila Hungria.

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