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Assange é alvo dos EUA e de Trump por ter exposto crimes, diz advogado

Tribunal em Londres julga último recurso de fundador do WikiLeaks para tentar impedir sua extradição aos Estados Unidos

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Londres | Reuters

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi alvo dos Estados Unidos por expor crimes em nível estatal, e Donald Trump procurou opções sobre como lidar com ele, disseram seus advogados nesta terça-feira (20), enquanto lutam para impedir sua extradição para os EUA.

Um tribunal em Londres julga o último recurso de Assange contra a decisão de enviá-lo para a Justiça americana. Ele não compareceu à sessão nem a acompanhou remotamente porque está doente, de acordo com a defesa.

Washington busca levar Assange, 52, a julgamento por 18 acusações relacionadas à divulgação de vastos arquivos confidenciais do Exército dos EUA e telegramas diplomáticos pelo WikiLeaks.

Apoiadores do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, estão do lado de fora do tribunal superior no dia em que Assange recorre contra sua extradição para os Estados Unidos, em Londres, Grã-Bretanha
Apoiadores do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, estão do lado de fora do tribunal superior no dia em que Assange recorre contra sua extradição para os Estados Unidos, em Londres - Isabel Infantes - 20 de fevereiro de 2024/Reuters

Eles argumentam que os vazamentos puseram em perigo a vida de seus agentes e não há desculpa para sua criminalidade. Os apoiadores de Assange o consideram um herói antiestablishment e um jornalista que está sendo perseguido por expor as irregularidades dos EUA.

No início da sessão desta terça (20) no Tribunal Superior de Londres, os advogados e a esposa de Assange disseram que o caso era politicamente motivado e um ataque a todos os jornalistas.

Stella Assange comparou o caso do marido ao de Alexei Navalni, o ativista de oposição russo que morreu na prisão na sexta-feira (16) enquanto cumpria uma sentença de três décadas.

"Julian é um prisioneiro político, e sua vida está em risco. O que aconteceu com Navalni pode acontecer com Julian", disse ela a repórteres do lado de fora da corte, onde uma grande multidão pediu sua libertação.

As batalhas legais do australiano começaram em 2010. Ele passou sete anos abrigado na Embaixada do Equador em Londres antes de ser retirado de lá e preso em 2019 por violar as condições de fiança.

Assange tem sido mantido em uma prisão de segurança máxima em Londres desde então, inclusive se casando lá, enquanto o Reino Unido finalmente aprovou sua extradição para os EUA em 2022.

Sua equipe jurídica tenta reverter essa aprovação. O argumento é que juízes de instâncias inferiores não levaram em conta que o caso tem motivação política e que se trataria de uma tentativa deliberada de silenciá-lo.

"Assange está sendo processado por se envolver em práticas jornalísticas comuns, tais como obter e publicar informações sigilosas que são verdadeiras e de interesse público", disse o advogado Edward Fitzgerald ao tribunal.

Fitzgerald disse que, se condenado, Assange poderia receber uma sentença de até 175 anos, mas que seria provavelmente reduzida para até 40 anos.

Seu colega Mark Summers disse que há evidências de um "plano verdadeiramente impressionante" para sequestrar ou assassinar Assange enquanto ele estava na embaixada equatoriana. Ele acusa Donald Trump de ter solicitado "opções detalhadas" para matá-lo.

Em 2021, o Yahoo News relatou que funcionários da CIA elaboraram opções para o governo de Trump lidar com Assange enquanto ele estava na embaixada em Londres.

Esposa do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, Stella Assange gesticula ao deixar o Supremo Tribunal da Grã-Bretanha, no centro de Londres, durante uma pausa no processo. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, esteve ausente do tribunal, que ouviu seu apelo final contra a extradição para os Estados Unidos para enfrentar julgamento por publicar arquivos militares e diplomáticos secretos
Esposa do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, Stella Assange gesticula ao deixar o Supremo Tribunal do Reino Unido, no centro de Londres, durante uma pausa no processo. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, esteve ausente do tribunal, que ouviu seu apelo final contra a extradição para os Estados Unidos para enfrentar julgamento por publicar arquivos militares e diplomáticos secretos - Justin Tallis - 20 de fevereiro de 2024 / AFP

EUA DIZEM QUE O CASO FOI DETURPADO

Em suas argumentações por escrito, os advogados que representam o governo dos EUA disseram que o caso foi "consistentemente e repetidamente deturpado" pela equipe jurídica de Assange.

Segundo eles, Assange não está sendo processado pela publicação dos materiais vazados, mas por ajudar e conspirar com a ex-analista de inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning para obtê-los ilegalmente e depois divulgar nomes de fontes e "colocar essas pessoas em grave risco".

Se o tribunal londrino aceitar o recurso, uma nova audiência de apelação será realizada para reconsiderar o processo. Se a corte indeferir o pedido de Assange, sua única opção restante seria na Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH). Stella Assange disse que seus advogados pediriam aos juízes europeus uma medida cautelar de emergência, se necessário.

O WikiLeaks ganhou destaque pela primeira vez em 2010, quando publicou um vídeo militar dos EUA mostrando um ataque de helicópteros Apache em Bagdá em 2007 que matou dezenas de pessoas, incluindo dois funcionários da agência de notícias Reuters.

Em seguida, divulgou milhares de arquivos secretos e telegramas diplomáticos que expuseram avaliações muitas vezes altamente críticas dos EUA sobre líderes mundiais, desde Vladimir Putin até membros da família real saudita.

Os apoiadores de Assange incluem a Anistia Internacional, grupos de mídia e políticos, incluindo o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que na semana passada votou a favor de uma moção pedindo seu retorno à Austrália.

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