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El Salvador confirma maioria absoluta de partido de Bukele no Legislativo

Novas Ideias terá 54 das 60 cadeiras no Parlamento; FMLN, sigla de esquerda em que presidente iniciou vida pública, fica sem deputados

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Boa Vista

O Tribunal Supremo Eleitoral de El Salvador anunciou nesta segunda (19) que o partido do presidente Nayib Bukele, o Novas Ideias, terá uma supermaioria na próxima legislatura com 54 de 60 assentos na Assembleia Legislativa.

As siglas de oposição pediram anteriormente ao órgão a anulação dos resultados do pleito para o Congresso, no dia 4 de fevereiro, e refazer a votação após a contagem manual das cédulas apontar irregularidades. É improvável, porém, que a autoridade eleitoral concorde com nova eleição.

Horas após o fechamento das urnas, Bukele declarou a si mesmo vencedor das eleições presidenciais, e seu partido, vitorioso na votação na Assembleia.

Apoiador do partido Novas Ideias, do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, distribui calendários com a foto do líder salvadorenho na capital, San Salvador
Apoiador do partido Novas Ideias, do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, distribui calendários com a foto do líder salvadorenho na capital, San Salvador - Jose Cabezas - 31.jan.2024/Reuters

Apesar de Bukele ter dito que seu partido havia conquistado 58 de 60 assentos, nos dias que se seguiram o órgão eleitoral de El Salvador iniciou uma contagem manual dos votos após declarar uma falha no sistema de votação que paralisou a apuração por dias e registrar inúmeros relatos de irregularidades, falhas e cortes de energia e internet.

Após duas semanas da conclusão da eleição, as autoridades eleitorais confirmaram no domingo a vitória esmagadora de Bukele com quase 85% dos votos e, na segunda, a supermaioria de seu partido.

A amplitude do poder da legenda no Congresso dá a Bukele um poder sem precedentes, o que inclui eventuais mudanças na Constituição e a continuidade da suspensão de direitos civis com a extensão do estado de exceção que vigora há meses em meio à repressão às gangues do país.

A Aliança Republicana Nacionalista (Arena), de direita, e o Partido da Conciliação Nacional terão cada um dois assentos, e os partidos Democrata Cristão e Vamos terão um assento cada um. A FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), de esquerda, não terá nenhum parlamentar pela primeira vez em 30 anos de vida partidária.

Na segunda-feira, os líderes da Arena e de dois partidos emergentes, Nosso Tempo e Vamos, disseram ter documentado 69 "anomalias" no processo de votação e contagem de votos.

Entre as anomalias citadas estão falhas no sistema destinado a processar e enviar cédulas; duplicação e, em alguns casos, triplicação de votos a favor do partido de Bukele; cédulas abandonadas em centros de votação; e lacres rompidos em pacotes contendo votos.

Durante o último fim de semana, uma missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou preocupação com o atraso na contagem dos votos e os problemas que surgiram na contagem manual.

Os observadores da organização citaram a "falta de controle" do órgão eleitoral sobre o processo de votação e contagem de cédulas, problemas com a autenticação dos votos e a treinamento insuficiente das pessoas responsáveis por inserir os resultados.

Eles também observaram que o Novas Ideias, de Bukele, superava a oposição em número de observadores eleitorais e notaram que membros do partido intimidaram a oposição, tentando obstruir a missão de observação eleitoral e a imprensa.

A deputada do Vamos Claudia Ortiz disse a jornalistas que havia solicitado a anulação dos resultados das eleições e a repetição da votação "devido a graves violações da Constituição, graves violações dos direitos políticos dos cidadãos e de todos os candidatos e especialmente porque o princípio de não falsificar a vontade do povo foi seriamente violado."

A FMLN também pediu a anulação dos resultados do Congresso devido a "fraude" e "manipulação", segundo a candidata à Assembleia Karina Sosa.

Durante seu primeiro mandato, Bukele usou a maioria de seu partido no Legislativo para nomear aliados nos tribunais e reformar as instituições de Estado, abrindo caminho para concorrer a um segundo mandato apesar de vetos constitucionais à reeleição.

Em junho, o órgão aprovou reformas eleitorais que analistas e opositores dizem favorecer o Novas Ideias. As reformas reduziram o número de deputados na Casa, diminuindo os assentos disponíveis para partidos menores, e mudaram a fórmula de alocação dos assentos para cada sigla a partir dos totais de votos na eleição.

Sob o novo sistema, apesar dos candidatos do Novas Ideias terem conquistado 71% dos votos, eles terão 90% dos assentos no Legislativo.

Com Reuters

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