Número de mortos em Gaza ultrapassa 30 mil, diz Hamas

Marca sombria equivale a 1 palestino morto em casa 73 habitantes da Faixa; maioria das vítimas é civil

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Victoria Kim
The New York Times

O número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassou uma marca sombria nesta quinta-feira (29), quando o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, relatou que mais de 30 mil pessoas foram mortas na guerra contra Israel desde 7 de outubro.

A cifra de óbitos já havia ultrapassado os de qualquer conflito árabe-israelense quando cruzou a marca de 20 mil, em dezembro.

Visão aérea de corpos de pessoas palestinas mortas em ataque israelense
Visão aérea de corpos de pessoas palestinas mortas em ataque israelense - Mahmud Hams/AFP

Muitos especialistas dizem que o número real provavelmente é maior, dada a dificuldade de contabilizar com precisão mortes em meio a uma luta implacável, permeada por interrupções nas comunicações, com um sistema médico em colapso e com a possibilidade de haver pessoas sob escombros.

Ainda assim, o número relatado é impressionante —aproximadamente 1 morto em cada 73 palestinos que vivem em Gaza, cuja população é de cerca de 2,2 milhões.

Os números fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza não fazem distinção entre civis e combatentes. Muitos observadores internacionais dizem acreditar que a cifra é confiável, enquanto a proporção de membros afiliados ao Hamas entre os mortos permanece incerta.

De acordo com artigo publicado em novembro no jornal médico britânico The Lancet, uma análise dos relatórios de mortalidade das primeiras semanas do Ministério da Saúde "sugeriu uma qualidade razoável dos dados" e que as mortes estavam "entre grupos populacionais de Gaza que provavelmente são, em maioria, civis".

Israel tem enfrentado crescente pressão internacional para interromper sua ofensiva. Mesmo o presidente americano, Joe Biden, seu aliado mais forte, expressou frustração com o crescente número de mortos e a piora da crise humanitária em Gaza.

Mas os líderes israelenses insistiram que continuarão lutando para eliminar o Hamas, grupo armado que liderou o ataque de 7 de outubro a Israel. Autoridades dizem que, naquele episódio, pelo menos 1.200 pessoas foram mortas e outras 240 feitas reféns, desencadeando a guerra.

Mediadores dos Estados Unidos, Egito e Qatar estão trabalhando para intermediar um cessar-fogo e a libertação de reféns, mas as perspectivas sobre isso ainda são incertas.

Na quarta-feira (28), um líder político do Hamas disse em um discurso televisionado que, embora o grupo estivesse aberto a fazer acordo com Israel, também estava pronto para continuar lutando.

Ele pediu aos palestinos que marchassem até o complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, em março, levantando a perspectiva de novos confrontos com as forças de segurança israelenses em torno de um local considerado sagrado para muçulmanos e judeus.

Além de correrem risco de serem mortos em ataques ou combates, palestinos estão vivendo com o crescente espectro de fome e doença.

O Ministério da Saúde afirma ainda que bebês morreram de desidratação e desnutrição nos últimos dias. Um médico que estava em Gaza no final de janeiro disse ao programa 60 Minutes da CBS nesta semana que as pessoas estavam morrendo "em uma situação totalmente tratável" por falta de suprimentos médicos básicos.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, disse nesta quinta-feira (29) nas redes sociais que a maioria dos mortos em Gaza eram mulheres e crianças. "Esta violência horrível e sofrimento devem acabar", escreveu ele. "Cessar-fogo."

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