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Pastor 'herói' que resgatava adolescentes da Coreia do Norte é condenado por abuso sexual

Chun Ki-won, que ajudava desertores a fugirem de ditadura para Coreia do Sul, vai passar cinco anos atrás das grades

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Frances Mao
BBC News Brasil

Um pastor sul-coreano que já foi aclamado em seu país como um herói por ajudar centenas de pessoas a fugirem da Coreia do Norte foi preso por abusar sexualmente de adolescentes desertores.

Chun Ki-won, de 67 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por molestar menores de idade em seu internato em Seul.

Chun Ki-won, em foto de 2004, em um festival de cinema promovendo os resgates de sua missão - Getty Images

O pastor era visto como um "salvador" durante décadas. Algumas pessoas o apelidaram de "Oskar Schindler Asiático" —em referência ao empresário que ajudou a resgatar 1.100 judeus durante o Holocausto. Suas operações de fuga da Coreia do Norte eram chamadas de "Ferrovia Subterrânea".

Ele foi preso em Seul em setembro do ano passado.

Ele foi condenado por molestar seis adolescentes norte-coreanos, incluindo desertores que se hospedavam nos dormitórios da escola alternativa que ele fundou na sua missão, chamada de Durihana.

Chun nega todas acusações, mas um tribunal na quarta-feira (14) considerou que as provas contra ele eram irrefutáveis.

"As vítimas estão fazendo declarações consistentes e incluem conteúdo que não pode ser afirmado sem experiência direta das circunstâncias", disse o juiz Seung-jeong Kim, do Tribunal Distrital Central de Seul.

O juiz acrescentou que Chun cometeu seus crimes se aproveitando "de uma posição onde tinha influência absoluta".

Ele foi considerado culpado em cinco dos seis casos de abuso contra menores —alguns dos quais escaparam sozinhos e outros com suas famílias sob a orientação da missão de Chun.

Chun fundou a Durihana, uma das ONGs mais proeminentes da Coreia do Sul que ajuda os norte-coreanos a fugir pelas rotas da China.

Ele afirma ter ajudado mais de mil norte-coreanos a escaparem do regime norte-coreano nos últimos 25 anos e era pessoalmente criticado por Pyongyang pelo seu trabalho.

Em 2002, ele virou notícia por ter ficado sete meses preso na China durante uma missão de fuga.

Seu trabalho —que incluiu o estabelecimento de uma escola alternativa para filhos de desertores norte-coreanos —foi amplamente coberto pela imprensa, sendo tema de documentários e artigos de notícias, inclusive da BBC, CNN, The New York Times e National Geographic.

A sua prisão e condenação chocaram a Coreia do Sul —onde o seu julgamento recebeu grande cobertura da imprensa.

Boletins de TV mostraram Chun, de cabelos grisalhos e vestido de branco, sendo levado ao tribunal algemado e cercado por guardas.

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