Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Quatro pessoas morrem após corte de oxigênio em hospital de Gaza invadido por Israel

Autoridades de Tel Aviv dizem ter capturado 20 suspeitos de envolvimento no 7 de Outubro que estavam abrigados no local

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São Paulo

Quatro pessoas que recebiam tratamento no hospital Nasser, o maior que estava em funcionamento na Faixa de Gaza e que foi invadido por soldados de Israel na quinta-feira (15), morreram após cortes na energia elétrica que interromperam a distribuição de oxigênio em salas de terapia intensiva, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Segundo o ministério, outras seis pessoas na unidade médica correm risco de morte. A pasta diz que as forças israelenses ocupam o hospital e são responsáveis pelas vidas dos pacientes e das equipes médicas.

Homem avalia danos no hospital Nasser, em Khan Yunis, em dezembro
Homem avalia danos no hospital Nasser, em Khan Yunis, em dezembro - Stringer - 17.dez.23/AFP

Segundo autoridades de Tel Aviv, a invasão do hospital ocorreu após o setor de inteligência obter "informações confiáveis" de que corpos de reféns israelenses estariam no local, o que o Hamas nega. Autoridades israelenses descreveram a ação como uma "operação precisa e limitada".

Vídeos divulgados nas redes sociais, contudo, mostram caos nos corredores escuros e tomados pela fumaça do hospital. Nas gravações é possível ouvir gritos e o som de tiros. Além dos pacientes, milhares de palestinos forçados a se deslocarem na guerra em curso há quatro meses estavam abrigados no local.

Centenas de pessoas, incluindo pacientes, profissionais da saúde e civis, permaneciam no complexo hospitalar após a invasão, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras, os palestinos que receberam ordens de Israel para abandonar o local tiveram de escolher entre ficar "e se tornar um alvo em potencial" ou sair "em um cenário apocalíptico" de bombardeios. Organizações que atuam com direitos humanos, assim, vêm manifestando preocupação com a segurança de inocentes.

O Exército de Israel, por sua vez, disse nesta sexta-feira (16) que suas tropas prenderam mais de "20 terroristas" suspeitos de participação nos atentados de 7 de outubro, quando integrantes do Hamas assassinaram cerca de 1.200 pessoas em um mega-ataque no sul do território israelense.

"As tropas localizaram armas no interior do hospital e prenderam dezenas de suspeitos de terrorismo, incluindo mais de 20 terroristas que participaram do massacre", disse o Exército em comunicado no qual acusa o Hamas de utilizar o centro de saúde como posição para atacar suas forças. Os militares, entretanto, não apresentaram evidências.

Tel Aviv acusa o Hamas de usar hospitais, ambulâncias e outras instalações médicas para fins militares —o que a facção terrorista nega. As autoridades chegaram a divulgar imagens feitas por suas tropas de túneis construídos pelo grupo terrorista abaixo de hospitais na Faixa de Gaza.

Já a invasão do hospital ocorre em um momento em que Israel enfrenta pressão internacional crescente para demonstrar moderação em sua guerra na Faixa de Gaza. Os pedidos de um novo cessar-fogo aumentaram após Tel Aviv indicar que pretende expandir suas ofensivas contra a cidade de Rafah, mais ao sul, onde cerca de metade dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estão abrigados, depois de deslocados pelo conflito.

Novos diálogos para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que envolveria a libertação de reféns, ocorrem no Egito. Participam representantes do Hamas, de Israel, do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos. No âmbito das negociações, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, voltou a rejeitar o reconhecimento internacional de um Estado palestino.

"Tal reconhecimento, após o massacre de 7 de outubro, ofereceria uma enorme recompensa ao terrorismo sem precedentes e impediria qualquer acordo de paz futuro", escreveu Netanyahu na plataforma X.

Como bombardeios maciços destruíram áreas residenciais e forçaram palestinos a deixar suas casas, os hospitais —em tese locais mais seguros na guerra— passaram a receber milhares de desabrigados no conflito.

Instalações, veículos e pessoal médico são protegidos por lei nas situações de conflito armado. Essa proteção está contida na primeira Convenção de Genebra —pioneira norma jurídica de valor universal adotada para regular as guerras no mundo.

Com AFP

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