Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Diálogos de novo cessar-fogo na Faixa de Gaza avançam, dizem autoridades

Representantes de Israel, Hamas, Egito, Catar e EUA se reúnem no Cairo em meio a iminente ação israelense em Rafah

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cairo e Jerusalém | Reuters e AFP

Autoridades dos Estados Unidos, Egito, Israel, Catar e do grupo Hamas se reuniram no Cairo nesta terça-feira (13), em mais uma tentativa de costurar um cessar-fogo em Gaza, à medida que crescem os apelos para que Israel se abstenha de um ataque planejado à cidade de Rafah, lotada com mais de um milhão de pessoas deslocadas pela guerra.

Segundo oficiais ouvis pelo jornal The Guardian, Israel e Hamas fizeram progresso em relação a um cessar-fogo, que incluiria também a liberação de reféns que estão na Faixa de Gaza. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que os lados "estão avançando na direção certa". Israel não comentou sobre as negociações.

Palestinos recebem comida de organização de caridade em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde faltam suprimentos - Mohammed Abed - 13.fev.2024/AFP

Um funcionário egípcio do alto escalão afirmou que a reunião se concentraria na elaboração de um rascunho final de um acordo de cessar-fogo de seis semanas, com garantias de que as partes continuariam as negociações rumo a uma trégua permanente.

"Os elementos-chave dos acordos estão na mesa", disse o presidente americano, Joe Biden, a jornalistas. "Ainda existem lacunas, mas encorajei os líderes israelenses a continuarem trabalhando para alcançar o pacto", acrescentou.

Rafah, localidade ao sul da Faixa de Gaza cuja população antes da guerra era de cerca de 300 mil habitantes, está cheia de desabrigados vivendo em tendas e alojamentos improvisados, que fugiram de bombardeios israelenses em áreas mais ao norte nos mais de quatro meses de guerra.

Israel afirma que quer expulsar membros do Hamas de esconderijos em Rafah e libertar reféns israelenses mantidos lá, e que está fazendo planos para retirar civis palestinos. Mas nenhuma proposta foi apresentada até agora e organismos de ajuda humanitária afirmam que os deslocados não têm para onde ir.

Tanques israelenses bombardearam o leste de Rafah durante a noite desta terça, causando ondas de pânico. Moradores afirmaram que os deslocados —dezenas até agora— começaram a deixar Rafah após os bombardeios e os ataques aéreos nos últimos dias.

"Fugi de Al-Maghazi, vim para Rafah e aqui estou, voltando para Al-Maghazi", disse Nahla Jarwan, referindo-se ao campo de refugiados costeiro de onde ela saiu no início do conflito.

"A noite passada em Rafah foi muito difícil. Estamos voltando para Al-Maghazi por medo —deslocados de uma área para outra. Espero que a área de Al-Maghazi seja segura, se Deus quiser. Onde quer que a gente vá, não há segurança."

Rafah faz fronteira com o Egito, mas Cairo deixou claro que não permitirá um êxodo de refugiados pela fronteira.

Autoridades de saúde de Gaza anunciaram 133 novas mortes de palestinos nas últimas 24 horas, elevando o total para 28.473 mortos e 68.146 feridos desde 7 de outubro, quando 1.200 israelenses foram mortos em um ataque do Hamas a Israel, desencadeando a guerra.

Aproximadamente metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza agora está espremida em Rafah. Alimentos, água e outros itens essenciais estão se esgotando enquanto doenças se espalham.

"Desde que Israel disse que está invadindo Rafah em breve, lemos nossas últimas orações todas as noites. Todas as noites nos despedimos uns dos outros e dos parentes fora de Rafah", disse Aya, 30 anos, que vive em uma tenda com sua mãe, avó e cinco irmãos.

No Cairo, esforços se renovavam para garantir o cessar-fogo de uma guerra cujo impacto se espalhou pelo Oriente Médio. "As partes estão procurando uma fórmula que seja aceitável para o Hamas, que diz que só é possível assinar um acordo quando for baseado no compromisso de Israel de encerrar sua guerra e retirar suas forças de Gaza", afirmou um oficial palestino à agência de notícias Reuters.

Segundo o informante, o Hamas havia dito aos participantes que não confia em Israel para não renovar a guerra se os reféns israelenses mantidos por militantes palestinos forem libertados.

Os reféns foram capturados na incursão do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro. Garantir seu retorno é uma prioridade para o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, assim como eliminar o Hamas, que governa o território palestino costeiro.

Um funcionário de alto escalão do Hamas, Sami Abu Zuhri, culpou Israel pela falta de progresso nos esforços de paz até agora. Houve um cessar-fogo até o momento, que durou uma semana no final de novembro.

Não houve comentários de Israel sobre o status das negociações. Tel Aviv afirma que tenta minimizar as mortes de civis e que os combatentes do Hamas se escondem entre a população civil, algo que o grupo terrorista nega.

Em meio às negociações, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, condicionou nesta terça o fim dos ataques de seus homens contra Israel a uma trégua em Gaza, e acusou os mediadores internacionais de tentarem apaziguar a tensão no sul do Líbano para proteger Israel.

O Hezbollah, grupo islâmico xiita que apoia os palestinos, começou a disparar foguetes contra posições militares no norte de Israel um dia após o início da guerra em Gaza. Em resposta, Israel lança frequentes bombardeios no sul do Líbano e ataques contra os líderes do Hezbollah.

Nesta terça, o Exército de Israel divulgou um vídeo que, segundo eles, mostra o chefe do Hamas em Gaza, Yahya Sinuar, filmado em um túnel no território palestino em 10 de outubro, logo após o início da guerra. As imagens mostram Sinuar fugindo com seus filhos e uma de suas mulheres.

A descoberta do vídeo faz parte de "uma busca que só terminará quando o tivermos capturado vivo ou morto", disse o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.