Se não é genocídio, não sei o que é, diz Lula sobre ação de Israel em Gaza

Presidente afirma que sua fala comparando o conflito ao Holocausto nazista foi mal interpretada

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Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer que o governo de Israel está cometendo um genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A declaração foi dada na noite desta sexta-feira (23), durante evento da Petrobras no Rio de Janeiro.

"O que o governo de Israel está fazendo com a Palestina não é guerra, é genocídio", disse Lula, que enfatizou: "Se isso não é genocídio, eu não sei o que é."

A fala, segundo interlocutores do governo, ecoa o que disse ao presidente brasileiro o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, durante encontro das duas lideranças na semana passada.

O presidente Lula ao lado da primeira-dama, Janja, durante evento da Petrobras no Rio de Janeiro - Pablo Porciuncula - 23.fev.24/AFP

O presidente aproveitou a ocasião para falar sobre outra de suas declarações, quando comparou os ataques do governo de Binyamin Netanyahu ao Holocausto nazista.

O episódio gerou uma crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, mas Lula disse que a fala foi mal interpretada e pediu que todos a analisassem em sua íntegra. "Não tentem interpretar a entrevista que eu dei. Leiam a entrevista e parem de me julgar a partir da fala do primeiro-ministro de Israel."

Durante viagem à África na semana passada, Lula afirmou que as ações militares israelenses na Faixa de Gaza configuram um genocídio e fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. "Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse o petista na ocasião.

A comparação desencadeou uma crise diplomática com Tel Aviv —Netanyahu disse que Lula "cruzou uma linha vermelha" com a fala "vergonhosa e grave"—, fez o presidente brasileiro ser declarado persona non grata em Israel, gerou críticas da comunidade judaica no Brasil e deu combustível para a oposição bolsonarista desgastar o governo —inclusive tentando reunir apoio para protocolar um pedido de impeachment.

Ainda no discurso desta sexta, Lula fez afirmações que podem ser vistas como uma resposta a pedidos públicos de retratação, vindos inclusive de aliados. "Da mesma forma que eu disse, quando estava preso, que eu não aceitava acordo para sair da cadeia, que eu não trocava a minha liberdade pela minha dignidade eu digo: não troco a minha dignidade pela falsidade", afirmou.

Lula reforçou ainda a histórica posição da diplomacia brasileira dizendo ser favorável à criação de um Estado Palestino livre e soberano —parte da proposta globalmente conhecida como solução de dois Estados.

O presidente também pareceu se emocionar ao falar sobre as mortes de civis, crianças e mulheres na Faixa de Gaza. Desde o início do conflito, cerca de 30 mil palestinos foram mortos no território, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

"Que possa esse Estado palestino viver em harmonia com o Estado de Israel. O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinados", disse Lula, que chegou a chorar no discurso.

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